São João
Neste 24 de junho é comemorado o dia de São João,
padroeiro de várias cidades, entre elas Porto Alegre e
Niterói. Feriado municipal e pouquíssimos arraiais acontecendo. Não sei
por que. Deixei de frequentar as poucas festas juninas por causa da
lambança que andam fazendo na trilha sonora. Ao invés de canções tradicionais
tocam esses entulhos como sertanejo universitário e até funk.
Tempos atrás almocei com o colega Eduardo Lamas
no Centro do Rio e na volta, a caminho da estação do catamarã para
Niterói, vi na Praça 15 um cartaz anunciando uma festa junina. Típica e
tradicional. O desenho trazia uma fogueira, gente fantasiada e até
os perigosos (e hoje inviáveis) balões. Embarquei e a meu lado sentou
um sujeito que era a cara do Danny Devito: baixo, gordo, careca, que não
largava o celular.
Fez várias ligações porque a linha caia. Ele orientava
uma mulher do outro lado da linha que arrumava a sua mala. Foi gozado. Ele
dizia “não, gravata não precisa, vou descansar...bota as duas escovas de
dentes, muitas meias e cuecas de algodão porque lá faz frio...não, o casaco de
courvin vou levar na mão caso esfrie no caminho. Ah, leva meu radinho” e assim
o cara veio até Niterói falando, gesticulando, arfando.
Curioso, quando a embarcação atracou fiquei ouvindo a
conversa sobre o tal fim de semana na serra que o cover do Devito ia ter.
Devito que, lá pelas tantas, disparou: “não esqueça da minha roupa para o
casamento na roça.” Onde seriam esses arraiais, num lugar frio, onde o nosso
personagem cai na gandaia? Cara de pau, perguntei. Sorridente, ele respondeu
“em Santa Maria Madalena, é claro. Onde mais?”.
Voltando ao cartaz da festa junina, mergulhei nos
arraiais com fogueiras gigantescas, bandeirinhas, pau-de-sebo, comidas típicas,
quadrilhas. Saudade daquele cheiro de lenha queimada, do som primitivo dos
conjuntos autênticos tocando.
Fui a arraiais em Teresópolis, outro em Friburgo,
mais um outro em Araruama, vários no Rio e em Niterói. Este ano vou
correr atrás de pelo menos uma festa junina. Meu lado lúdico cobra, quase
implora e merece. Com bombas, crianças a caráter e tudo mais.
Quem procura, acha.