Onanismo ao vento
Por motivos não alheios a minha vontade meu fuso horário deu
uma virada. Longa madrugada. Não gosto de escrever e publicar no ato, no pós
coito imediato. Deixo decantar, como café turco, horas depois passo o pente
flamengo e publico.
O que mais nos difere dos chamados irracionais é a
consciência do afeto, apesar dos cachorros. Sempre converso normalmente com os
cachorros que parece entender o que digo. Cachorro e sua vasta (na verdade
infinita) paciência de ouvir, ouvir, ouvir.
Na faculdade fiz um trabalho sobre isso, mas omiti o exemplo
dos cães para que não achassem que é coisa de imbecil. O professor de
Psicologia Social não gostou quando, para disfarçar, escrevi que os animais
vivem única e exclusivamente de instintos, reflexos. O professor disse que
viveu uma experiência num lugar bem perto de uma família de gorilas, o que
virou a sua cabeça. Passou a achar que, de alguma maneira, os animais
irracionais também tem essa percepção e me deu nota 7. No final do mês a nota
tinha subido para nove. Perguntei por que e a resposta veio vaga: “Realocação
de conceitos”, ele respondeu.
A diferença é que nos cães o amor é incondicional, na espécie
humana, não. Quando inteligentes emocionalmente, homens e mulheres amam, desde
que... em contrapartida... também quero. Há exeções, casos sadomorais de
indefinição crônica e doentia, mas aí á outra história. Em suma, o amor jamais
foi incondicional, papo de existencialista amador. Porque o ser humano é
condicional em sua essência. O amor sozinho não sustenta, Machado de Assis
especulou a respeito lá no século 19.
E o paradigma prevalece em tempos de inteligência artificial.
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