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Mostrando postagens de junho, 2017

Felicidade

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Se a felicidade é uma sensação podemos prolongar essa sensação. Nesse aspecto a máfia do futebol faz até bem. Para faturarem mais os tubarões do esporte inventaram jogos quase todos os dias, de manhã, a tarde e a noite. Nos bares, vejo a sensação de felicidade naqueles que usam futebol como desculpa para encher a cara, abraçar desconhecidos, gritar, berrar, chutar cadeiras de plástico. Que mal há nisso? Que mal há se esse potente entorpecente, já chamado de ópio do povo, provoca a sensação de felicidade? A felicidade é um bem etéreo, pessoal e intransferível. Temos o poder de realimentar essa sensação importando novas boas sensações, via natureza, música, sexo, cinema, livros. Podemos realimentar mais ainda bloqueando pensamentos escroques, recusando surfar nas ondas de esgoto do negativismo. Podemos ser felizes? Pode ser que sim. Mas a sensação de felicidade é real e quase palpável, como uma bola de futebol, a água do mar, uma cona morna e molhada, uma boa...

Coices ao léu

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Quando a tal presidenta era presidente (p minúsculo) do brasil (o com B maiúsculo não é esse que está aí) ficou conhecida por xingar, humilhar, denegrir, espinafrar subalternos. Em Brasília é famosa a história de um general de quatro estrelas que deixou o gabinete dela chorando. Ela dava coices, ofendia, escrachava, mas não comandava. O país estava atirado as cadelas porque a presidente achava que xingar era comandar, quando na verdade chefiar é liderar. Autoritarismo é uma patologia sem cura. Nem os mais notórios psiquiatras, neurologistas e veterinários conseguem tratar os infelizes que se acham no céu e Deus na Terra, se dizem início-fim-meio, se sentem o epicentro de tudo. Os asseclas da presidente quando a diziam, por exemplo “eu estou com um problema na área X”, ela interrompia e descarregava “pois EU nesse caso faço isso, isso, isso. Faça o que EU faço.” O assecla fazia e dava tudo errado. Deu no que deu. O autoritário tem certeza que resolve todos...

Simon Bolivar. Cusp! Cusp! Cusp!

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Ouvindo “No Quarter” na safada lentidão do trânsito de manhã cedo, penso numa releitura que fiz recentemente. Uma biografia que atira em seu devido lugar o heroizinho do golpista e coronel Hugo Chaves e de seu ovo direito Nicolás Maduro. Pouca gente leu a biografia “Simon Bolívar por Karl Marx” (sim, ele mesmo) que tira pela cabeça a cuequinha de “herói dos pobres” que Chaves e Maduro vestiram em Bolívar. Os historiadores contemporâneos e democratas nunca esconderam que o general Simon Bolívar foi um patife, tanto que é ídolo de outros patifes, da Venezuela e fora dela. Até no Brasil existem bolivarianos, como sabemos, gente vadia que clama de joelhos por um golpe de estado para botar o saco na lagoa, o boi na sombra e a grana na Suíça. Outros preferem uma picanha na calada da noite e, bem feito, acabam levando um pontapé na bunda. Origem desse “herói” coxinha, absolutamente coxinha, segundo o olhar firme e implacável de Karl Marx. Nascido na Venezuela, Simon Bolívar “er...

Soluções

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Chuva, saudade de você. Senti suas gotas roçarem a minha janela, temperatura de 22 graus. Chuva. Saí para pensar, pensar, pensar. Pensar em soluções, ou em saídas, ou na possibilidade de não haver solução nenhuma diante de problemas amplificados pela aflição.  Um bentevi assustado bebia água numa pequena poça, resolvendo sua aflição imediata de maneira simples. Quer dizer, simples para quem assiste. Grande vitória para o bentevi voar vivo, pousar vivo numa árvore próxima, saltar vivo para os fios de um poste, pousar vivo na poça. Vivo, beber a água num ambiente hostil.  Chuva, quase frio, calma que parece reinar na cidade, protegida da falsa e histérica euforia do verão e seus moedores de carne midiáticos. Caminhei pelo bairro que, raro, estava sereno e vazio. Sem guarda chuva, senti a quase garoa cair sobre a cidade, repousando. Pouco carros, ônibus, ciclistas, pessoas nas calçadas; os bares relativamente vazios com uma meia dúzia bebendo cerveja e aplicando ...

Fiador moral

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O cara é baba-ovo, invejoso, rancoroso, arrivista e, dizem todas as, as más inclusive, é um caloteiro, desses que não pagam a ninguém na maior cara de pau. Aí chega alguém e pergunta se você conhece o tal meliante. Você já o viu e até conversou com ele algumas vezes, mas por força de expressão acaba dizendo que “conheço sim”. Ferrou! Sem querer, virou avalista de um canalha. Melhor seria dizer, apenas, que “conheço de vista”, mas os hábitos da fala as vezes nos metem em roubada. Por uma questão cultural dizemos que “conheço” a quem vimos algumas vezes. Pior: em muitos casos estabelecemos relações pessoais e profissionais com pessoas que não conhecemos sem tomar o cuidado de pedir referências a terceiros. Os ingleses tem esse hábito. Só fazem negócios ou se relacionam com pessoas quando três, quatro ou cinco amigos de confiança confirmam que a tal pessoa é do bem, honesta e tudo mais. Por exemplo: não conheço nenhum Babalu, apesar de um colega, que encontrei no catamarã, ...

Estafa

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Dicionário: Estafa   é o estado onde uma pessoa encontra-se submetida a uma forte pressão externa ou interna, levando à estafa física ou emocional. Apesar dos sintomas claros como irritação, sono conturbado, impaciência, a estafa é dissimulada e se confunde com o estresse que fica vários pontos abaixo numa hipotética escala de valores emocionais, digamos assim. O maior problema da estafa é que nos deixa extremamente sozinhos. Como temos consciência de que “algo não vai bem”, ou que uma conjuntura de tensos fatores decidiu marcar um bate papo a mesma hora, há uma tendência de ficarmos na moita. “Não vou lá porque ando meio estourado e vai que Fulano toca num assunto complicado”, e assim o estafado vai se isolando e acaba engolido pelos pensamentos.  E os pensamentos do estafado são sempre caóticos. O estresse se dá em picos ocasionais. A estafa é constante, crônica. Pega e não larga. Quer dizer, larga sim. A certeza ou a consciência da estaf...

89 invernos

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Festa Junina

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Neste 24 de junho é comemorado o dia de São João, padroeiro de várias cidades, entre elas Porto Alegre e Niterói. Feriado municipal e pouquíssimos arraiais acontecendo. Não sei por que. Deixei de frequentar as poucas festas juninas por causa da lambança que andam fazendo na trilha sonora. Ao invés de canções tradicionais tocam esses entulhos como sertanejo universitário e até funk. Tempos atrás almocei com o colega Eduardo Lama s no Centro do Rio e na volta  , a caminho da estação do catamarã para Niterói, vi na Praça 15 um cartaz anunciando uma festa junina. Típica e tradicional. O desenho trazia uma fogueira, gente fantasiada e até os perigosos (e hoje inviáveis) balões. Embarquei e a meu lado sentou um sujeito que era a cara do Danny Devito: baixo, gordo, careca, que não largava o celular. Fez várias ligações porque a linha caia. Ele orientava uma mulher do outro lado da linha que arrumava a mala dele. Foi gozado. Ele dizia “não, gravata não precisa,...

Autocensura a flor da pele

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O VALOR DO SILÊNCIO "Tantos querem a projeção. Sem saber como esta limita a vida. Minha pequena projeção fere o meu pudor. Inclusive o que eu queria dizer já não posso mais. O anonimato é suave como um sonho. Eu estou precisando desse sonho. Aliás eu não queria mais escrever. Escrevo agora porque estou precisando de dinheiro. Eu queria ficar calada. Há coisas que nunca escrevi, e morrerei sem tê-las escrito. Essas por dinheiro nenhum. Há um grande silêncio dentro de mim. E esse silêncio tem sido a fonte de minhas palavras. E do silêncio tem vindo o que é mais precioso que tudo: o próprio silêncio."  Clarice Lispector, 'Jornal do Brasil (1968)'   Aqui na psicodélica cabana da minha crônica insignificância ouso compartilhar alguns draminhas pequenos burgueses com minha meia dúzia de quatro ou cinco leitores. Draminhas (ideal seria dramecos) que não interessam a ninguém. Escrevo esta coluna son a mais severa, dura, moleca e (posso falar?) escrota das censura...

Imoralismo

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O saudoso humorista Leon Eliachar escreveu que "tarado é um homem normal pego em flagrante". Quem lê meus posts no Facebook (cada vez mais magros, com grave tendência a sumir) sabe que já fui severamente policiado por um covil de "politicamente corretos", frequentadores aqui da Coluna, o que aliás não entendo. Acho preocupante perceber que essa laia tem frequentado a Coluna. Desde que ingressei numa nova era de reinvenção existencial moderada, ou cavalo de pau, ou “volta que deu merda”, “destrepa tudo”, etc. não acho mais nada, absolutamente nada, preocupante.  O que dirá as afetações e pequenas canalhices de supostos leitores de redes sociais. Tempos atrás, no inbox do Facebook, algumas defenestraram uma crônica que escrevi sobre minha puberdade/pré-adolescência no Campo de São Bento, em Niterói. Xingaram de poço de perversões, atentado a moral e aos bons costumes, papo de tarado fundamentalista e tudo mais. Pensei se tratar de galhofa de amigo...

“Responder e-mails profissionais é uma obrigação”

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O título está entre aspas porque quem disparou a frase foi um colega meu num restaurante/bar do Largo do Machado (Rio) tempos. O assunto na roda (uns 10 caras) era e-mail. Todo mundo indignado com o fato de mandarem e-mails que não são respondidos. Dias atrás aconteceu comigo. Enviei um para um executivo do mercado de discos, mensagem mega importante, mas até agora não recebi resposta. Tive o cuidado de chamar atenção, algo do tipo “favor confirmar o recebimento”. Nem isso. Se bem que antes de enviar a mensagem várias pessoas me avisaram que “esse cara não responde e-mails...”, insisti e deu no que não deu. Por isso o mercado de trabalho na minha área, que é a COMUNICAÇÃO (em maiúsculas) bate a porta na cara de quem não exercita a COMUNICAÇÃO. Trabalhar em COMUNICAÇÃO e afins e não responder e-mails profissionais é degola na certa. Voltando ao restaurante/bar do Largo do Machado, eu estava na boa, me divertindo com o assunto, mas lá pelas tantas opinei: “não re...

Frio

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Sei que pertenço a minoria que adora o frio. Logo eu que nasci em pleno carnaval. O frio acalma, tranquiliza, torna as relações humanas mais simples, movimentos mais cordiais. No calor reina a barbárie, a pancadaria, o mau humor mas, sei lá porque, verão é chamado de "tempo bom" e o frio de "tempo ruim". Fato: os países mais frios são mais desenvolvidos, menos safados e mais humanos em contraste com terras quentes e tórridas. Ontem chegou uma massa polar aqui no sertão fluminense . Se as cidades não estão preparadas para o seu próprio clima a culpa não é do outono. Leio no noticiário on line a palavra "caos" exibida em várias reportagens. Sim, caos de roubalheira, incompetência, molambalização total dos serviços do Estado. O frio, comprovadamente, bota ordem na casa. Mas já vejo no Facebook algumas pessoas reclamando. Serão elas as mesmas que fazem aquela barbárie chamada carnaval de blocos, quando a Zona Sul do Rio é destruída sob o reinado da bi...

“Janis: Little Girl Blue”, ótimo filme, chega a Netflix

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A diretora e roteirista Amy J. Berg acertou em cheio. O filme "Janis: Little Girl Blue", que já chegou a Netflix, revela novos vértices da personalidade cronicamente carente e confusa da maior cantora de blues contemporânea, a texana de Port Arthur Janis Joplin. O grande diferencial para outros filmes sobre Janis está na impressionante quantidade de cartas, fotos, áudios, filmes e vídeos inéditos, que são apresentados ao público em enxurrada. O documentário é diferente porque não trata a platéia como iniciados em Janis, ou em blues rock e, ao mesmo tempo, consegue satisfazer os conhecedores ao se manter longe do mostrar óbvio. A platéia se comove quando o filme mostra, por exemplo, a capa de um jornal de alunos do colégio onde Janis estudou em Port Arthur quando menina e adolescente. Os alunos a elegiam "o homem mais feio do ano". Isso mesmo: homem . A humilhação foi suficiente para faze-la chorar em público pela primeira vez, segundo revela um amigo daquele...

Não falou, não disse

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Keith Emerson Em 1969, Honduras e El Salvador entraram em guerra por causa de uma partida de futebol que valia uma vaga para a Copa de 70. Honduras venceu por um a zero, o povo de El Salvador foi para as ruas e a confusão terminou em guerra. Guerra não declarada. Há anos, muitos anos, havia problemas entre os dois países, mas que não eram ditos. E o ser humano, até segunda desordem, só entende o que é dito, de preferência clara e nitidamente. No caso, a panela de pressão (no fogo) entre os dois países chegou a tal nível de silêncio que explodiu. Não nasci para viver situações como essa. Jamais seria ministro do tse (assim mesmo, em minúsculas) para ser obrigado a entender o subtexto de um colega de toga ameaçando (com sinais) com a degola via radicalismo islâmico (“ira do profeta”) um sujeito não citado que o teria envolvido na Lava Jato. Para mim não disse nada. Se não me mandarem a merda, não irei. Se não me disserem pode entrar não entrarei. As insinuações da polí...

Blow Up

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Quando soube que “Blow-up”, de Michelangelo Antonioni (1912-2007), baseado num conto do argentino Julio Cortázar (1914-1984), seria homenageado por seus 50 anos de vida, gelei. Tive a péssima intuição de que alguém poderia fazer um famigerado “remake caça-níqueis” de Blow-Up, substituindo o denso suspense por cenas de monstrinho cansado inventado por esgotados computadores, com direito a oportunista Ariana Glande enchendo o saco no lugar do Yardbirds. Alívio. Muito assediados pelos parasitas, os donos dos direitos do filme disseram um sonoro não e a comemoração do cinquentão foi maravilhosa: uma bela versão restaurada, bela, bem cuidada, que você encontra por aí. Me disseram que está no NOW! Para quem não assistiu, o filme gira em torno de um fotógrafo de  moda  londrino chamado Thomas (David Hemmings), que após passar a noite fazendo fotografias para um livro de arte numa casa, volta para o estúdio atrasado para uma sessão com a  super...

Brasil hoje - 2

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Relógio Biológico

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Duas e 14 da madrugada. Acordo mansamente, sem sobressaltos, apesar do pesadelo. Gozado, mas só tenho pesadelos, desde a adolescência. Sonho bom? Nunca. Bom, acordo as 2 e 14 como se fosse seis da manhã para um triatleta.  Rondo pela casa, ligo a TV e compro um travesseiro num programa de vendas pelo telefone. Segundo o anúncio, o tal travesseiro é um néctar de penas de ganso capaz de corrigir todos os problemas de coluna. O locutor diz que com esse travesseiro temos um sonho “reparador”. Só não prometeu que acordamos ao som de canários belgas porque a empresa fica em São Paulo. Garantiu que quem não ficasse satisfeito com o travesseiro teria seu dinheiro de volta. Os caras são craques. Duas e 14 de um dia de semana é o momento ideal para veicular um anúncio de travesseiro. Liguei, passei o número do cartão de crédito.  Tem gente que fica muito angustiada quando acorda no chamado “meio da noite”. Como para mim é rotina, não sinto nada. Apenas uma certa impaciência, apesar da...