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Mostrando postagens de 2018

Esperança & Expectativa

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Um abismo profundo separa o significado prático e filosófico de esperança e expectativa. Esperança é o possível, expectativa é o ideal, que não existe. A expectativa é parente próxima da ansiedade, da correria, da falta de ar, faz nossos pés molharem em Manaus quando ainda está chovendo em Porto Alegre. Já a esperança é centrada, amena, racional. A esperança faz projetos, a expectativa cisma. A receita perece envolver não correr, não fugir, partir para cima com todas as forças disponíveis e depois aguardar a hora da colheita, deixar o destino trabalhar em paz. Pilhar o tempo todo, insistir, forçar a barra, chutar portas, em geral levam ao desespero sob o manto da expectativa. Há milhares de anos, os asiáticos costumam escrever que o silêncio é uma forma de comunicação. Pode até ser, mas não sou asiático, sou latino. Logo, não comunicou nada disse. Quando os sinais não veem (ou vão e não voltam), nada aconteceu. A esperança ensina que se não há declaração de amor ou ...

"Cagaçópolis"

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                                            Grande Otelo em "Macunaíma, filme de Joaquim Pedro de Andrade. O hímen cronicamente complacente do brasileiro e seu bundamolismo deitado eternamente em berço esplêndido não carece apenas de educação. O medo e a covardia são os traços muito visíveis no chamado “tecido social” de terra brasilis, que o mestre Elio Gaspari chama de Pindorama. Gagaçópolis seria outro nome apropriado para que esse camping provisório (essa é de Rubem Braga), que movido pelo medo e alguma forma mais venal de “jeitinho” empoderou (expressão inventada por vadios um pouco mais letrados) todo esse esquadrão de sicários que assaltou e faliu o Brasil. Todos eles foram eleitos pelo povo de Cagaçópolis. Todos. Se o brasileiro tivesse a coragem de ...

Rio Show

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Sininho – Acorda! Já são sete e meia e o encontro em Vargem Grande começa as nove. Não quero atrasar. Ben-Hur  – Mas hoje é meu aniversário... Sininho – Frescura, Ben-Hur. Aniversário é um dia como outro qualquer. Levanta, vai. Levanta aí! Ben-Hur – Pensei em almoçar com você, meus filhos... Sininho -  Aqueles dois parasitas? Fala sério, Ben-Hur! Quem pariu Matheus que o embale; essas duas amebas são problema da mãe deles, aquela intelectualzinha de merda. Além do mais eles nem vão lembrar que é seu aniversário...se toca homem. Olha, eu não quero chegar atrasada ao evento das trutas em Vargem Grande. Ben-Hur – Trutas? Sininho – Te falei ontem, te falei anteontem, porra. Evento das trutas chinesas amestradas, só vai gente chique. Ben-Hur – Vai até que horas? Sininho – Termina meio dia, mas de lá vamos direto para Santa Teresa... Ben-Hur – Como assim? Sininho – Não tem como assim, Ben-Hur. Daqui vamos para Vargem Grande. De lá para Sant...

Emprego sim, trabalho jamais

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Na véspera do Natal fui comprar uma camisa e estava satisfeito com o grande movimento em lojas de todos os tipos, sinal de aumento no índice de emprego. Na loja em que entrei havia um bando de garotas de classe média vestidas de vendedoras, muitas ralando e outras morcegando. Uma delas a que me atendeu. A garota meio gordinha, piercing no nariz, era simpática mas não tinha os requisitos de um mamífero educado, civilizado e, o mais grave, vendendo, faturando, levando dinheiro para casa, atendendo o público. Ela não entendia nada de camisas, de modelagens, fazia sugestões de bêbado mas, muito franca, mandou chumbo: “olha, estou oferecendo essas porque senão vou ter que subir para ver no estoque...”. Emendei “e isso dá muito trabalho, né?”. Ela sorriu com aquela cara de pau dos vadios e respondeu “estou doida para acabar o expediente”. Tentei argumentar “mas você está vendendo, vai ter comissão, o páis está com 11 milhões de desempregados”, ela apenas resmungou um enigmático “poi...

Verão,

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Verão, Depus as armas. Isso mesmo, estação do meu suplício, pedi arrego e decidi tentar conviver melhor contigo, numa boa, na paz.   Verão, de fato você não tem culpa se os caras estão desmatando, poluindo, arrombando a camada de ozônio. Lembro de meus pais e avós falando da “brisa de verão” mas, meu chapa, até essa brisa roubaram. Não conheci. Sabe aquele convite “vamos tomar um refresco num fim de tarde de verão?”, não rola mais, rapaz.  Não rola porque é humanamente impossível até raciocinar quando os caras que vendem as matas, rios, baías, oceanos acendem o maçarico.   Sabe, Verão, um dia desses liguei para um restaurante novo para ver se estava cheio e depois da ligação me surpreendi com minhas perguntas: 1) Boa noite, o ar condicionado está gelando?; 2) Mesmo quando a casa está cheia?; 3) Quantos B.T.Us? Além de isentá-lo decidi sentir menos calor, apesar de estar calor. Como? Montei uma bateria de ventiladores de seis pás que transformam...

Robert Plant em entrevista falando de uma possível volta do Led Zeppelin: "Pare de viver no passado. Abra seus ouvidos e seus olhos. Não é tão difícil assim, é?”

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Tradução de Ricardo Bellucci Robert Plant deu uma entrevista interessante à Classic Rock Magazine. Ele falou sobre seu novo álbum, a carreira e, é claro, o  Led Zeppelin . E quando perguntado sobre a reunião da banda, ele disse "pare de viver no passado. Abra seus ouvidos e seus olhos. Não é tão difícil assim, é?” Classic Rokc Magazine: Como você acompanha o que está acontecendo na música? Robert Plant: As coisas só passam por mim. Se eu fosse um DJ no rádio, iria atrás de todo o material novo que pudesse desejar. Mas infelizmente eu não sou, então às vezes não ouço nada das coisas que estão tocando. É um mundo grande, agora, das músicas, algumas delas chegam até mim e outras não. Classic Rock Magazine: Mas há muito pouco acontecendo no rock hoje em dia, você não concorda? Robert Plant: Bem, isso tem um lado bom. Acho que perdeu um pouco da energia, não é? De certa forma. Provavelmente chegou ao auge, fez o que tinha que fazer, e agora os híbridos do rock s...

Redes Sociais

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Escrevi várias vezes aqui que gosto das redes socais, macro comunicação. Estava dedicado ao Facebook, responsável por muitas coisas boas que me aconteceram como, por, exemplo reencontrar amigos que se perderam no caminho, ver os posts, as ideias, os ideais, etc. Meu Instagram está ativado há muito tempo, mas só recentemente comecei a gostar. Instagram é estético, pouco texto, muitas imagens, ao contrário do Facebook onde sobra papo, desabafo, e apenas uma ou duas fotos. Além do mais o Facebook é muito mais popular, atinge a uma multidão enorme e como todo profissional de Comunicação gosto de falar para muitos. Também tenho uma conta velha no Twitter que resolvi visitar agora a noite. Gente pra caramba mandando notificações e eu, sem saber, não respondi a nenhuma. Só usava o Twitter só para divulgar essa coluna, mas agora vou abrir espaço, ler todo mundo. As redes sociais estão acabando com os intermediários. Você pode, por exemplo, dar um esporro no presidente da repúbli...

Uma simples homenagem a Arthur Maia - 1963-2018

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                                                                                 Arthur                                                                                 Jaco Arthur, foi um choque sa...

O voo crítico

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Desculpe os garranchos. Você sabe que não escrevo a caneta há mais de 20 anos. Está escuro ainda. Você e nossas crianças dormem. Ontem, na cama, vi seus olhos muito negros levemente marejados, fitando meu rosto. Destilavam uma dose de tensão, certamente porque hoje, mais uma vez, farei um voo crítico. Eu ia começar a explicar o inexplicável mas você pôs o dedo indicador em meus lábios. Não queria ouvir nada sobre voos críticos. Eu também não queria falar nada sobre voos críticos, mas fique certa de que não existe voo militar em missão que não seja muito crítico. Não minto, não omito. Seus dedos estavam frios como na segunda noite que saímos, anos atrás. Você pegou na minha mão para atravessarmos uma tórrida avenida de Manhattan no auge do calor. Senti o seu suor. Depois, meio sem jeito, ensaiou me explicar porque de vez em quando gelava ao atravessar uma avenida movimentada. Eu disse que você não precisa me explicar nada. Só precisa sentir sem receios....

Para refletir: a política do filho único na China, o melhor para menos em vez de ruim para todos, como é no caso do Brasil; em 25 anos deixaram de nascer 400 milhões de pessoas

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                                                            Praia da Zona Sul do Rio, há dois anos Em vez de mexer na previdência, a China controla o aumento da população. Assim, não é preciso construir mais hospitais e escolas em ritmo acelerado, comprometendo a orçamento do Estado e elevando o risco de corrupção, já que o super faturamento em obras públicas chegou a ser quase comum por lá. Reduziu em 90% por causa da lei que manda fuzilar políticos que roubam. A política do filho único foi implantada pelo  governo Chinês   na década de 1970 com a finalidade de melhorar o sistema de saúde e educação. Segundo a lei, ficava extremamente proibido a qualquer casal ter mais de um filho. Quem não cumpriss e recebia multas estratosféricas. Com a meta cumprida, a China passou a permitir dois filhos em 2015. A politica do f...

Lançamento em São Paulo e Rio do livro ‘Love is Understanding – A Vida e a Época de Peter Tork e os Monkees’

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Peter Tork, Micky Dolenz, Mike Nesmith e Davy Jones não se conheciam até serem contratados para dar vida ao  The Monkees , banda protagonista de uma série de TV que estrearia em 1966 nos Estados Unidos. Um ano depois, com os álbuns “The Monkees” (1966) e “More Of The Monkees”(1967), a banda pré-fabricada vendeu mais discos que The Beatles e Rolling Stones juntos. Havia sido dada a largada para a  Monkeemania , que arrebatou não só os estadunidenses como os fãs de rock'n'roll do mundo todo. No Brasil, a febre chegou com a estreia da série em 1967. Mas foi em 1975 que  Sergio Farias , assistindo a uma reprise na televisão, viu sua vida mudar. No entanto, com pouco acesso a material de pesquisa sobre uma banda estrangeira, ainda mais em um momento em que seus integrantes viviam no ostracismo, ficou aquele desejo de compreender porque, após um salto tão alto, os Monkees tiveram uma queda tão brusca. Já na escola, Sergio ensaiou escrever essa história em uma ...

Os três tenores

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Mais do que a mais nefasta oposição, o presidente Jair Bolsonaro tem como sabotadores inconscientes seus três filhos. Extasiados com o sucesso instantâneo, os três falam asneiras compulsivamente e, toda hora, colocam o pai contra a parede. Flavio Bolsonaro (37) que explicar ao país sobre R$ 1,2 milhão que foram pousar na conta de um assessor que mora, com todo o respeito, em um muquifo na Taquara, Zona Oeste. Nesse rolo está a primeira dama, Michelle Bolsonaro. Flávio e dona Michelle terão que provar inocência nesse episódio, mas parece que a arrogância meio psicopata do rapaz ignorara opinião pública. Gentalha? Lembra Lula no começo, que desprezava críticas e começou a falar de si mesmo na terceira pessoa. O resultado foi mais do que previsto: está em cana. Ah, sim, tem os filhos de Lula, mas deixa pra lá. Não adianta justificar, dizer que não entende o que está acontecendo, empurrar com a barriga. Flávio Bolsonaro tem que provar inocência nesse episódio estranho, muito es...

Hóspede II

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Falta de ar pelo amor partido, sem bilhete, 29 anos atrás. Leve asfixia, leve melancolia, leve arrependimento sob a garoa fina e quase fria. Ele mandara o amor partir. Partir reto, sem olhar para trás, sem derramar lágrima, sem se deixar levar pelas nuvens obscuras da falsa esperança. Cretina. Chega ao topo da serra bela e fria, quase no final da estreita estrada, a subida contornada por cerca viva que se transformava em um diário, onde letras, vírgulas, parágrafos pareciam incorporar os fios de metal entre os moirões. Piso de pedras. No final da subida um pátio, não muito grande, com antigas, muito antigas, marcas de pneus. Bem em frente, uma pequena casa de hóspede, em madeira e telha colonial. O motor V8 silencioso do carro corta o silêncio opaco daquele lugar que já fora mágico, 29 anos atrás. Havia ecos, de vozes relembradas, remexidas, requentadas. Havia ecos de longos e apaixonados beijos entre os pinheiros que naquela manhã sem vento pareciam estafados, parados, ...