Mundo em transe
Se o arquiteto do horror nazista Joseph Goebbels, gênio de todos os males, vivesse no mundo de hoje
estaria utilizando fartamente as redes sociais, programando milhares de robôs
para disseminar notícias falsas (fake news) aos milhões para “vender” o nazismo
como solução para a salvação do planeta, nesse momento em que o mundo está em
transe, quase hipnótico.
É dele a frase “de tanto se repetir uma mentira, ela acaba se transformando em verdade". O planeta está mergulhado em dúvidas, desconfianças, ódio. O Brasil mais ainda.
Não que nunca tenha se odiado
tanto por aqui, mas jamais houve tanta divulgação do ódio graças a internet. Ódio
viraliza, manda matar, santifica, mitifica, mistifica, endeusa, demoniza a cada
segundo, em cada computador, celular, tablet.
No passado um jornalista quando
saia para trabalhar era obrigado a deixar em casa suas opções políticas que, em
caso de fanatismo (o que não é raro), torna o homem cego e surdo, mas mudo
jamais, e é aí que reside o drama. Um jornalista que permitisse que suas
crenças, paixões, fanatismo (religiosos, políticos, futebolísticos e tudo mais)
interferisse numa notícia, numa manchete, numa chamada estava fadado a ir para a rua.
Nos meios de comunicação sérios
(há vários) a regra continua em vigor. Por mais que o jornalista diga no
Facebook que X é um gênio, Y um injustiçado, Z um perseguido, calcado apenas nos
seus sentimentos impulsionados pela ira, ele não pode vomitar o que sente e
pensa onde trabalha.
A melhor vacina contra as fake news
são os sites de meios de comunicação confiáveis, em geral pagos.
Em 17 de junho de 2009, por
oito votos a um, os ministros do Supremo Tribunal Federal decidiram que o
diploma de jornalismo não seria mais obrigatório para exercer a
profissão. Até hoje não cheguei a uma conclusão se isso tem ou não a ver
com a desmoralização de parte da comunicação, mas assusta o fato de ouvir em
rádios que se dizem sérias comunicadores e repórteres iniciantes incitando a audiência para mandar notícias
pelo whattsapp. É um perigo? É. Mas eles fazem. Todo o dia, toda a hora.
Incentivados por empresas que contratam menos e pagam menos ainda. Em vez de
contratar bons repórteres, rádios, muitos jornais e TVs abrem o whatsapp para o
público o que é, claro, um forte estímulo para o surgimento de fake news.
Na noite de 1 de Maio de 1945,
Goebbels mandou chamar um dentista das SS, Helmut Kunz,
para injetar morfina em seus seis filhos para que ficassem inconscientes
quando, em seguida, lhes fosse dada uma ampola de cianeto.
Segundo o testemunho do dentista, ele administrou a morfina, mas foi sua mulher
Magda e o SS-Ludwig Stumpfegger, o médico pessoal de Hitler,
quem lhes deu o cianeto. Morreram os seis. Oito e meia da noite, Goebbels e
Magda saíram do bunker e foram para o jardim da Chancelaria,
onde se suicidaram. Goebbels matou Magda e depois ele próprio.
Voltando ao início desse
artigo, vamos supor que esse genocida e o nazismo estivessem vivos atualmente. Sua
prioridade seria a manipulação da internet e ferramentas como whatsapp (e
outras) para disseminar mentiras, ódio e fanatismo, ameaçando todo o planeta. O
mundo vive uma tamanha confusão que abre espaço para carniceiros como Hitlers,
Mussolinis, Francos, Salazares, etc.
O Brasil mais ainda. O governo está
afogado em graves denúncias de corrupção, a oposição também, boa parte do
Legislativo e do Judiciário idem. Muitos estão afogados até o queixo em dejeto
moral e ético. Onde isso vai parar? Onde? Mais do que desgovernado o Brasil tornou-se
ingovernável e não há luz no fim do túnel a não ser a do trem vindo em sentido
contrário. Desculpem o clichê.
E na internet, tome fake news fake
news fake news fake news fake news fake news, a serviço do ódio, do sectarismo,
do horror, da desunião, da falência múltipla da humanidade.
Alguém é capaz de prever o final
desse filme?