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Mostrando postagens de abril, 2019

Documentário autoproclamado “definitivo” pouco revela sobre Robert Johnson

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Uma boa série chamada “ReMastered”, da Netflix, investiga os maiores mistérios não resolvidos do mundo da música. Uma grande sacada, mas dessa vez pisaram na jaca. “ReMastered: O Diabo na Encruzilhada” em tese seria sobre Robert Johnson, o mais enigmático bluesman, morto por envenenamento em 1938 aos 27 anos. De toda a série, é o pior episódio. A série já exibiu um episódio sobre Bob Markey (a história da tentativa de assassinado), sobre o encontro de Johnny Cash com Richard Nixon e suas consequências, a execução brutal de Victor Jara em Santiago, Chile, 1971. Ele era considerado o Bob Dylan latino-americano e Pinochet mandou matar. Pouco se sabe sobre Robert Johnson e esse documentário quase nada acrescenta, além das baboseiras de sempre; o tal pacto com o demônio, os sumiços estranhos, a ausência de fotos (só existem duas), nenhum registro em filme. Apesar de fraco, é bom ser visto porque de bola na trave em bola na trave as vezes sai um gol. A lenda diz que Joh...

Carta aberta em defesa do audiovisual brasileiro

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Diante do cenário alarmante, a Spcine manifesta seu repúdio ao que considera o desmonte da política audiovisual brasileira. Os acontecimentos recentes - pedido do Tribunal de Contas da União para suspender novos contratos da ANCINE e paralisação nos repasses da agência - põem em risco um setor responsável por alavancar anualmente mais de R$ 20 bilhões no PIB do país e empregar mais de 330 mil trabalhadores. Em São Paulo, região de atuação direta da Spcine, nos últimos três anos foram 57,2 mil postos de trabalho gerados e mais de R$ 1,1 bilhão movimentados pelas produções que passaram pela cidade. Como empresa ligada ao poder público, a Spcine compreende e reitera a importância da transparência na gestão de recursos públicos. No entanto, reforça a necessidade de um ecossistema inteligente, onde os órgãos de controle entendam e contemplem as particularidades da economia do audiovisual. A Spcine ressalta também que a formulação de políticas públicas exige a participação de...

Acossados

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Somos acossados pelos caçadores de impostos com seus boletos, carimbos, juros, má fé. Somos acossados pelos catadores de propinas; pequenas, médias, grandes. Somos acossados pelo desserviço público, desconsideração, baderna. Somos acossados pelo sub judiciário e seus chicaneiros. Somos acossados por governos que mentem, manipulam, chutam. Somos acossados pelo lixo dos poderes rasteiros. Somos acossados pela vitimologia social que empodera nossos algozes. Somos acossados pela cafetização do racialismo disfarçado de ativismo. Somos acossados por milicianos, traficantes e seus comparsas no Estado. Somos acossados pela direita. Somos acossados pela esquerda. Somos acossados, acossados, acossados. Sem direito a “The Anarchist Cookbook”.

Bolsonaro e filhos pensam e agem como um bloco - um estudo sobre a família do presidente - Por Ascânio Seleme – O Globo – 31-03-2019

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             Mais do que doença, os Bolsonaro mantém um pacto                                                    inquebrantável. Aqueles que ainda pensam ser possível separar o presidente Jair Bolsonaro de seus filhos, mesmo que apenas na gestão do país, é melhor ir logo tirando o cavalinho da chuva. Os Bolsonaro são um bloco único, monolítico, inseparável e inquebrantável. Suas posições são resultado de um pensamento único, elaborado ao longo de anos, e nenhum dos seus membros sobrevive sem os demais, explica Dado Salem, economista, mestre em Psicologia do Desenvolvimento e sócio da Psiconomia, empresa especializada em gerir questões complexas e sensíveis envolvendo famílias e negócios. Salem fez um estudo sobre a família do presidente tomando por base entrevistas que cada um deu ao longo dos anos e su...

Siamês

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O oficial de justiça Jacy mordeu a nuca de uma noviça sênior no Mercado Municipal. Arrancou sangue. Detido e julgado, foi condenado. Problemas psiquiátricos. Foi parar no regime semiaberto. Obrigado a dormir na prisão todos os dias, mas tinha direito a visitas íntimas. A única que recebia era de Carmelita, codinome da Noviça Sênior Severa, a noviça do Mercado Municipal, que apresentou uma falsa certidão de casamento com Jacy, que não a conhecia. Só a viu de costas, no dia do ataque no Mercado Municipal. As visitas íntimas eram tão tórridas e lancinantes, que num domingo os agentes penitenciários tiveram que invadir a sala de encontros. Noviça Severa, digo, Carmelita estava nua, pendurada de costas por correntes numa grade da janela da sala, enquanto Jacy a chicoteava e ao mesmo tempo jogava álcool 90 graus nas suas costas. Carmelita, digo, Noviça Sênior Severa, gritava “bate e faz queimar o corpo da sua...sangra a nuca da sua ... como aquele dia no mercado. Bate, meu .....

O império do ódio

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É muito simples. Quem apoia A, B, C, D tem profundas afinidades com eles, o modo de pensar deles, o jeito de agir deles. Quem apoia E,F,G,H tem profundas afinidades com eles, o modo de pensar deles, o jeito de agir deles. Tentar argumentar com esses grupos é arranjar briga, inimizades, aporrinhação. Desde sempre a política desperta paixões como uma seita, obsessão, fanatismo e muito ódio. Na política, polarização é regra e não exceção. Sempre foi assim. Monarquistas e republicanos se estapeavam, trabalhistas e liberais quase se matavam, stalinistas versus trotskistas versus leninistas. O que mudou tudo radicalmente foi a internet, a mais importante criação do Homem desde a escrita. As redes sociais estimulam o embate, a violência, as ofensas, as manifestações de ódio mais agudas em tempo real, instantaneamente. Não entrar na fogueira é a única maneira de não se queimar.

Comes a Time (Chega uma Hora) - Neil Young - Tradução livre

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Chega uma hora em que você está à deriva Chega uma hora que você se acalma Chega uma luz que te eleva Ergue qualquer um do chão Esse velho mundo continua girando É lindo como as árvores nunca se deixam cair Sim, nós fomos capturados Pegamos nossas almas e voamos para longe Estávamos certos, estávamos entregando E assim, tudo que iria embora ficava conosco. Esse velho mundo continua girando É lindo como as árvores nunca se deixam cair

Sede Passante!

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                                                                    Inga Nielsen O que significa a Páscoa? Por Jean-Yves Leloup, doutor em Psicologia, Filosofia e Teologia, escritor Este tema da passagem é o tema da Páscoa. Pessah em hebraico, quer dizer passagem. A passagem, no rio, de uma margem à outra margem, a passagem de um pensamento a outro pensamento, a passagem de um estado de consciência a outro estado de consciência. A passagem de um modo de vida a outro modo de vida. Esta fala de Jesus lembra que somos peregrinos sobre a terra. Somos passageiros. A vida é uma ponte e, como diziam os antigos, não se constrói uma casa sobre uma ponte. Temos que manter, ao mesmo tempo, as duas margens do rio, a matéria e o espírito, o céu e a terra, o masculino e o feminino e fazer a ponte entre estas nossas...

Páscoa, ressurreição, pontos de restauração, “re existências”

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Quem usa o sistema operacional Windows certamente conhece o “ponto de restauração”. Quando há algum problema mais complicado podemos ativar o “ponto de restauração” e a máquina volta a trabalhar em uma data do passado. ( https://bit.ly/2KQZdlT ) Por exemplo hoje, 19 de abril de 2019, você vai ao “ponto de restauração” e escolhe a data de 10 de dezembro de 2018. Em questão de minutos o Windows volta até esta data e trabalha como se não tivesse existido futuro, funciona como se estivesse na “encarnação” de 10 de dezembro e ignora tudo o que aconteceu a partir daí: programas instalados, aplicativos, etc e, logicamente, os defeitos. Se ainda assim o problema persistir, podemos formatar o HD. É quando a máquina “morre” temporariamente e, depois do HD formatado, nasce outra. Vazia, literalmente zerada. Que nós vamos preencher instalando programas, aplicativos. A ideia de poder voltar ao passado e viver uma outra vida é sedutora para muitos, como se existisse em nós um “ponto...

A farsa dos e-mails

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Estou vendo aqui que nos últimos dois anos mandei oito e-mails, fale conosco ou similares para órgãos públicos e empresas. Dos oito, respondeu somente um, mesmo assim de forma evasiva e com erros de português. Claro, não envio mais e-mail para CNPJ nenhum, nem fale conosco, nem opine aqui, nem posso ajudar?, nada disso. Voltei a usar o velho símio tecnológico, o telefone, porque do outro lado não dá para escapar. Você diz alô aqui, a pessoa tem que dizer alô lá. Se desligar na cara não adianta, ligamos de novo. Uma pesquisa (americanos adoram pesquisas, eu também) feita, acho, pelo Gallup constatou esse índice de não resposta de e-mails corporativos por consumidores ou de “pessoas de fora do sistema”, o popular estranho no ninho. Motivo: vadiagem. Os caras travestiram as palavras com terminologia técnica, e tal, mas no final o diagnóstico foi esse: vadiagem, vagabundagem. Não respondem porque dá trabalho. Tem que abrir, dar reply, escrever....”ai que preguiça” ( https://bit.ly/2...

Um doidão sem solução

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Soube de manhã na padaria que Gangorra estava internado num hospital em Saracuruna (Baixada Fluminense) todo escalavrado. Levou uma surra numa roda de samba porque o agressor não se comoveu com o argumento de que Gangorra estava doidão quando passou a mão na bunda da garota dele. O cara que me contou a história disse que Gangorra gemia feito ema, chorava, balbuciava que estava bêbado, que não sabia o que estava fazendo, mas não teve clemência. Como Carlos, o Chacal, o macho da garota molestada meteu-lhe a porrada por mais de 20 minutos e como manda o protocolo da boemia ninguém se meteu. Desacordado, Gangorra foi jogado numa caçamba de lixo onde uns mendigos o viram e avisaram a polícia. Conheço o Gangorra há muitos anos. Ganhou o apelido porque, chato pra cacete, quando sentava todo mundo levantava. Começava a beber de manhã cedo num botequim que hoje é padaria na rua Moreira Cesar esquina com Miguel de Frias. Só parava de entornar quando, chato, cricri, pentelho, começava ...

Ritmo Circadiano, de Carol Bensimon

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Carol Bensimon  nasceu em Porto Alegre, em 1982. Publicou  Pó de parede  em 2008 e, no ano seguinte, a Companhia das Letras lançou seu primeiro romance,  Sinuca embaixo d’água   (finalista dos prêmios Jabuti e São Paulo de Literatura). Seu último livro,  Todos nós adorávamos caubóis , foi lançado em outubro de 2013.  Ela escreveu "Ritmo Circadiano", que transcrevo aqui: Não sei se um dia vou deixar de olhar com inveja para os que escrevem de noite e seguem madrugada adentro, ouvindo eventualmente um gato no cio, um bêbado atravessando a rua ou nem isso. Talvez eu ainda me deixe ser seduzida pela imagem fácil do “artista”, esse que deve ser o contrário de tudo; ficar acordado quando os outros já estão dormindo há muito tempo, etc. Nunca consegui. Meu corpo parece se regular de acordo com a luminosidade. Desconfio, às vezes, de que tenho um parentesco com as plantas. Quando o sol cai, quase dá pra sentir a energia indo embora. Ao mesmo tempo, ...

Cacá Diegues: "Há um desejo latente de valorizar a vulgaridade e o homem dito “normal”, aquele que só reproduz os piores valores de nossa ignorância"

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                                                            Foto de Roberto Moreyra - Agência O Globo A posse de Cacá Diegues na Cadeira 7 da Academia Brasileira de Letras, sexta-feira, foi um bálsamo para o Rio e para o Brasil. Ele sucede o também cineasta Nelson Pereira dos Santos, amigo/irmão/mestre, morto em abril de 2018.  Semana passada foi mais uma daquelas com a grife Crivella de baixo astral, falta de respeito, insalubridade política, mentiras, incompetência, vulgo fim do mundo, com direito a destruição, pelas chuvas, da locação de uma série que o diretor Luiz Carlos Lacerda, o Bigode, está fazendo. Ele ocupava um apartamento no delicioso Horto, colado ao Jardim Botânico, e a água levou tudo. Também no Horto, a casa de Bi Ribeiro, baterista dos Paralamas só não foi totalmente destruída por milagre. Ele e sua fa...

Tolerância a intolerância

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                 Nota na coluna de Ascanio Seleme no Globo de hoje. É censura, não importam os motivos. A tolerância a intolerância é intolerável, mas está presente até para quem não pode ou não quer ver. Nas ansiosas filas dos bancos, nos ônibus, aviões, na caminhada solitária das pessoas rumo para o trabalho, escola, consulta médica. Rumo ao nada, muitas vezes. Exercitar a tolerância é mais do que fundamental, ensinam a filosofia (parceira invisível e milenar de todos nós), a psicologia, o bom senso. Um exercício difícil, espécie de musculação existencial, vital, fundamental para que as pessoas possam conviver minimamente bem com elas mesmas e a partir daí com a sociedade. A intolerância está presente nas ruas, no ambiente de trabalho, no supermercado, nas redes sociais, na política partidária, ou não, na censura velada que tenta ser justificável. Nesse momento o radicalismo parece se impor ao bom senso e assistimos u...