Socorro!
Sempre me perguntam quando e como me apaixonei pela música. Logo lembro de “Help!”, dos Beatles. A música de “Help!” tinha chegado num vinil e depois me sequestrou no cinema. Eu devia ter, uns 10 ou 11 anos, porque os filmes chegavam atrasados no Brasil. Posso afirmar que foi a primeira vez que fui ver um filme naquele ambiente mágico. Lembro perfeitamente que sentei no meio da enorme sala do Cinema Icaraí, com direito a cortina vermelha que abria e exibia a tela e ao gongo que tocava anunciando o início da sessão. Não sei se era assim ou se sonhei porque, viciado em cinema desde pequeno, frequentava vários. Entrou o “Canal 100”, noticiário da semana feito pelo heroico Carlos Niemeyer, trailers e, de repente, “Help!”. Mais do que meu primeiro grande filme, foi uma aparição misturada com epifania. Meus olhos marejados contemplavam aquela generosa telona, despejando celuloide de 35 milímetros em 24 quadros por segundo, a música, e eles, The Beatles que eu jamais vira em movimento.