O homem que entrou de sunga na igrejinha da empáfia
Laurentino Gomes é um escritor best seller que está
prestes a atingir a marca de um milhão e seiscentos mil livros vendidos. Ele
não fala difícil e nem usa fantasias inventadas pela cronicamente decadente aristocracia
que baixou no Brasil quando a corte portuguesa fugiu de Napoleão (milhares de
pessoas) e veio se esconder no Rio.
Laurentino Gomes é jornalista e historiador, e seu
livro campeão de vendas chamado “1808” trata dessa vexatória fuga da corte. Sob
o título do livro, a frase: “Como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma
corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a História de Portugal e do
Brasil”. Como resistir? Como não comprar este livro?
Laurentino pertence a nova geração de historiadores,
escritores e educadores que jogaram no lixo o corporativismo da empáfia. Eduardo Bueno e Leandro Narloch também estão no grupo. Laurentino usa linguagem informal, não constrói frases rebuscadas inventadas por trás da
balaustrada que escondia os intelectualóides.
Objetivo, dono de um texto jornalístico baseado em
farta pesquisa realizada em diversos países, ele escreveu, também,“1822”, sobre o nascimento do Brasil independente. Outro livraço.
Subtítulo: “Como um homem sábio, uma princesa triste e um escocês louco por
dinheiro ajudaram D. Pedro a criar o Brasil – um país que tinha tudo para dar
errado”.
Agora, o homem que entrou de sunga na igrejinha dos
insolentes e presunçosos, está lançando “1889”. Subtexto na capa: “Como um
imperador cansado, um marechal vaidoso e um professor injustiçado contribuíram
para o fim da Monarquia e a Proclamação da República no Brasil”.
O livro está sendo anunciado em horário nobre nas redes
de TV, o que, sinceramente, nunca vi acontecer. Até a chegada dos libertadores
como Laurentino, livros de História eram produzidos sob o manto do terror
reverencial. A nova geração de historiadores abriu o baú, tacou naftalina
dentro e libertou a nossa História que agora está aberta a visitação pública.
Sem rococós, adornos, leques, o que é ótimo para todo mundo. Menos para eles,
os altivos que ainda se deslocam pelas sombras ardendo de leve desespero.
Claro que lerei “1889” porque, como disse ali em cima,
a qualidade do texto e da pesquisa de Laurentino Gomes convida à leitura. Ele
não teve receio de falar das intimidades de D. João VI e muito menos de D.
Pedro I, ou da personalidade golpista e arrivista de Carlota Joaquina, porque
pesquisou fundo antes de sentar no computador para escrever.
Sim, temos um escritor que virou pop star! E isso é
muito bom para todos os brasileiros. Todos!
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