Antonio Quintella: Araribóia Blues e Sincronicidade
Texto
restaurado e reeditado
Um dos discos que mais gostei (e me orgulhei) de
produzir foi “Araribóia Blues” do cantor e compositor Antonio Quintella, pelo
selo Niterói Discos, nos anos 90. Tempos atrás, por pura saudade, peguei o CD e
ouvi todo, de ponta a ponta, lembrando das dezenas de sessões de gravação no
Castelo Estúdio, de Fábio Motta, que duraram quase seis meses.
Antonio é um dos melhores cantores que conheço e à
medida que o CD ia mudando de faixa lembrei de momentos das gravações. Muitos
hilários, outros dramáticos, enfim, gravar um disco exige de todos os
envolvidos muita calma, tolerância, paciência e resistência.
Disco pronto, lançado, Antonio Quintella mudou-se para
a Califórnia onde foi vizinho de, nada mais, nada menos, Neil Young. Vinha
esporadicamente a Niterói, mas não nos encontrávamos.
Pois bem, caro leitor, exatamente no dia seguinte da
minha audição o telefone tocou e era ele. Cheguei a ficar meio mudo no início
da conversa porque achei incrível essa coincidência. Afinal, não via o meu
amigo-cantor há anos e não ouvia o seu disco há bastante tempo.
Ele voltou para Niterói definitivamente e está morando
com a família em um belo sítio em Maricá. Vai estar no show “De Volta a Estrada”
com Os Lobos, dia 6 de setembro, no Teatro Municipal de Niterói. Ele tem muitas
histórias para contar sobre seu longo período nos Estados Unidos e vamos marcar
um encontro exclusivamente para atualizarmos nossas agendas existenciais. Há
muito o que falar, de ambos.
Aliás, naquela época do retorno do Antonio, vivenciei
coincidências que, em alguns casos, chegaram a ser assustadoras. Carl Gustav
Jung, um dos pais da psicanálise, não acredita em meros acasos. Ele criou a
Teoria da Sincronicidade que em resumo diz que tudo no universo está
interligado por um tipo de vibração, e que duas dimensões (física e não física)
estão em algum tipo de sincronia, que fazia certos eventos isolados parecerem
repetidos, em perspectivas diferentes.
A ideia desenvolveu-se primeiramente em conversas dele com
Albert Einstein, quando ele estava começando a desenvolver a Teoria da
Relatividade. Einstein levou a ideia adiante no campo da Física, e Jung, na
Psiquiatria.
A sincronicidade é definida como uma coincidência
significativa entre eventos psíquicos e físicos. Um sonho de um avião
despencando das alturas reflete-se na manhã seguinte numa notícia dada pelo
rádio. Não existe qualquer conexão causal conhecida entre o sonho e a queda do
avião.
Jung postula que tais coincidências apoiam-se em
organizadores que geram, por um lado, imagens psíquicas e, por outro lado,
eventos físicos. As duas coisas ocorrem aproximadamente ao mesmo tempo, e a
ligação entre elas não é causal.
Antecipando-se aos críticos, Jung escreveu: "O
ceticismo... deveria ter por objeto unicamente as teorias incorretas, e não apontar
suas baterias contra fatos comprovadamente certos. Só um observador preconceituoso
seria capaz de negá-lo. A resistência contra o reconhecimento de tais fatos
provém principalmente da repugnância que as pessoas sentem em admitir uma
suposta capacidade sobrenatural inerente à psique".
Coincidência ou sincronicidade, Antonio Quintella
deveria publicar uma biografia. Quem o conhece sabe que ele tem muitas ótimas
histórias para contar, todas regadas a boa música.
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