Pois é L.G. Bayão*, quando me afasto da música o vento sopra de sudoeste
L.G. Bayão com Erasmo Carlos. É dele o roteiro do filme "Minha Fama de Mau", do Tremendão, que começa a ser rodado até o final do ano.
Cacá Diegues e Renata de Almeida Magalhães.
Tomas Portella.
Darcy Borger, fera, com o saudoso Dominguinhos.
Coices ao vento, gente jovem reunida.
Cacá Diegues e Renata de Almeida Magalhães.
Tomas Portella.
Darcy Borger, fera, com o saudoso Dominguinhos.
Coices ao vento, gente jovem reunida.
* L.g.
Bayão é meu amigo, roteirista e escritor. É dele o roteiro do filme “A Onda
Maldita”, ficção baseada em meu livro, que começa a ser feito no início do ano
que vem. Produção de Renata de Almeida Magalhães (da “Luz Mágica” produções que
é dela e do Cacá Diegues) e direção de Tomás Portela.
Rapaz, sabe o Alex Mariano, amigo meu recentemente
assassinado por bandidos (des) graças a leniência do Estado? Alex era o rei dos
apelidos. Conheço umas 10, 20 pessoas que foram apelidadas por ele e nunca mais
se livraram dos codinomes.
Meu amigo desde a adolescência, ele conheceu meu “braço
armado” quando foi fazer comigo a Rádio Fluminense FM, em 1981. Bayão, ele me
apelidou de Luiz Antonio Mulla (com dois L) por causa de meus coices que ele
dizia serem “antológicos” e, também, de “imperador Bokassa”, referência a Jean-Bédel
Bokassa, hediondo ditador africano que de meados dos anos 1970 até 1985 cometeu
genocídio e até canibalismo quando esteve no poder.
Quando Alex me chamou de “Bokassa” pela primeira vez
(eu quase tinha saído no tapa com um figurão momentos antes), dei
um coice no meu querido amigo. “Alex, Bokassa é o cacete! Luiz Antonio Mulla
pode, mas Bokassa nem a pau!”. Ele não perdeu a pose: “e amado chefinho, pode?”
Foi o apelido que pegou.
Bayão, sempre lembro do Alex porque ainda não pude
chorar a sua morte vil, canalha, covarde como deve ser chorada. Ele me dizia,
sempre debochadamente, “amado chefinho, quando você para de ouvir música entra
em TPM e sobra pra gente”. Tinha razão, o grande Alex.
Recentemente me afastei da música e, quando percebi, o
mar tinha virado, ventos de sudoeste começaram a soprar forte e eu me vi diante
de ondas de 20 metros de alturas, aquelas de Maverick, Califórnia, com uma
prancha pequena. Como no filme “Tudo por um Sonho”.
Não são as maiores ondas que tive que encarar, mas me
deram trabalho. Surfei-as esta semana, Bayão. Sabe como? Com sessões desasossega vizinhos de “Quadrophenia”,
do The Who, que ouvi no computador turbinado por amplificação Edifier que meu
irmão e meu sobrinho me deram de presente tempos atrás.
A medida em que a guitarra lancinante de Pete
Townshend, a bateria extraterrena de Keith Moon, o baixo desesperadamente
genial de John Entwistle iam engolindo todos os andares de meu prédio, fui
acalmando, acalmando, acalmando e sentei para te escrever essa carta aberta.
Por que? Não sei, Bayão.
Fato é que deixei de ser Luiz Antonio Mulla em 2008,
quando, sem saber, fui trabalhar num escroque calabouço corporativo que cismou
de me domar. E acabou domando, o que me fez muitíssimo mal.
Meu amigo, escrevo para você confirmando nosso encontro
na primeira quinzena de setembro, quando irei almoçar com outro fera de cinema
e TV, amigão dos tempos de Rede Manchete Darcy Burger, que também é fio
desencapado. Mais, Bayão, prometo as zaralhadas de leitores aqui deste blog,
mas especialmente a você (em maiúsculas) que não vou mais abandonar a música,
que vai de rock and roll existencial até bossa nova da região de meu amigo e
padrinho de estúdio Roberto Menescal, via Egberto Gismonti, Badi Assad, André
Geraissati e similares.
Continue dando coices aí que eu respondo daqui. Sem
coice não dá, meu amigo. Uma vez, um déspota me enviou um corvo-correio
(estafeta dele) com a mensagem “de concessão em concessão viramos Conceição”. O
canalha tinha razão.
Abraços do LAM, com M de Mulla. Sempre!
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