Postagens

Mostrando postagens de maio, 2014

Novo texto "A Onda Maldita - a saga de um gigante", do ouvinte da Fluminense FM e leitor deste blog Ailton Pereira Rock

Imagem
Parte da equipe da Rádio em 1983 Minha vida era um palco iluminado pelo sol da minha terra, agitada pelo samba da minha terra; e pelos ritmos de outras terras, como tango e bolero; mambo e rumba; fox-trot e balada; fado e tarantela; e acalmada por alguma valsa dolente, executada por Tia Amélia a um piano, ao cair da tarde; e pelos lamentos de Luiz Gonzaga, no programa “A Hora Sertaneja.        Além dessa musicalidade e das marchinhas de Carnaval, havia a batida marcial e soldados marchando, enquanto aviões da FAB queimavam impostos dos contribuintes no céu azul-anil de nossa pátria, comemorando a vitória da FEB na Segunda Guerra Mundial, da qual meu pai fez parte, que acabou com duas bombas atômicas sobre o Japão. Nasci horas depois que explodiu a segunda.        Os anos do pós-guerra foram de exaltação do machismo, exacerbado pelos filmes de guerra e do faroeste, em que tudo era resolvido a socos e...

Também tenho direito à ficção

Imagem
Desde ontem, quando postei aqui o texto “A Vela” (leia abaixo, depois deste) recebi alguns e-mails ( luizantoniomello@gmail.com ) perguntando se eu havia me inspirado em alguma situação real para escrever a história da solitária mulher velejando perto de uma praia. Não, não me inspirei em fato nenhum. “A Vela” é uma ficção, pura invenção, fantasia mesmo, mas agradeço a quem me escreveu e as pessoas que postam seus comentários no espaço que existe ali embaixo, depois do texto. Mergulhei fundo no mundo da ficção quando escrevi meu primeiro romance, “5 e 15”, que foi lançado em 2006. Não foram poucas as pessoas que leram o livro e depois mandaram e-mails de perguntas do tipo “como nasceu a ideia que você colocou no capítulo X ?”. Sempre respondi “não sei” porque de fato não tenho a menor suspeita de onde vem as idéias. Por isso senti muito receio em lançar meu primeiro romance, que levei quase 10 anos escrevendo, parando, quase desistindo. Minha escola é o Jornalismo, totalment...

A cada 10 dias uma pessoa morre defendendo o meio ambiente no Brasil - Por Marcio Astrino - Greenpeace Brasil

Imagem
No Brasil, a cada dez dias uma pessoa morre por defender o direito à terra e ao meio ambiente. Somos, de longe, o país mais perigoso para as lideranças que arriscam suas vidas combatendo a devastação ambiental. O dado é da organização não-governamental Global Witness. Segundo a pesquisa, entre 2002 e 2013, 448 pessoas morreram no Brasil por defender o meio ambiente. Muito mais que o dobro do índice em Honduras, que está em segundo lugar com 109 assassinatos. Em 2013, segundo relatório anual realizado pela Pastoral da Terra, 20 dos 34 assassinatos registrados no campo, e 174 das 241 pessoas ameaçadas de morte ocorreram na Amazônia. Lá estão 55% das Populações Tradicionais que, no ano passado, foram vítimas de algum tipo de violência. Foi também para lutar contra essas injustiças que há mais de uma década o Greenpeace chegou à Amazônia. Na última semana,  lançamos a campanha Chega de Madeira Ilegal , que pretende não só impedir que a floresta tombe, mas ...

Uma magistral história ecologicamente incorreta

Imagem
Rio de Janeiro: ônibus elétrico nos anos 1960. Minha cunhada Milena Beranger encontrou esse texto na internet, de autoria de um professor chamado Paulo Jubilut. Achei muito bom e, por isso, reproduzo. Na fila do supermercado, o caixa diz a uma senhora idosa: - A senhora deveria trazer suas próprias sacolas para as compras, uma vez que sacos de plástico não são amigáveis com o ambiente. A senhora pediu desculpas. - Não havia essa onda verde no meu tempo. O empregado respondeu: - Esse é exatamente o nosso problema hoje, minha senhora. Sua geração não se preocupou o suficiente com o nosso ambiente. - Você está certo - responde a velha senhora - nossa geração não se preocupou adequadamente com o ambiente. Naquela época, as garrafas de leite, garrafas de refrigerante e cerveja eram devolvidos à loja. A loja mandava de volta para a fábrica, onde eram lavadas e esterilizadas antes de cada reuso, e eles, os fabricantes de bebidas, usavam as garrafas, uma...

A solidão é o maior desafio existencial da espécie humana

Imagem
Terminei a releitura da autobiografia de Pete Townshend, líder e fundador do The Who. No final do livro ele diz que está compondo a sua terceira ópera rock que se chama “Floss”. Em 1969 ele escreveu Tommy, em 1973 Quadrophenia e agora Floss que, ele diz, tem muito a ver com a solidão humana. Aliás, o afeto, os desencontros, a rejeição, carência e o sentimento agudo de solidão são presenças constantes na obra não só de Townshend, mas de grandes nomes como o Pink Floyd, U2, R.E.M. e outros. Não adianta fugir, correr, pular cercas. Ela é o maior desafio existencial da espécie humana. Solidão. Por mais que saibamos se tratar da condição humana básica e que em muitos casos se apresenta como um agudo sentimento passageiro, a solidão é impiedosa. Machuca, fere, marca. Musa de milhares de canções, filmes, poemas, livros. Flagelo dos que não suportam conviver com suas ebulições interiores, ignora a regra, provada e comprovada, de que o homem é o mais solitário dos mamíferos. Por mais sol...

Enfim, novos ventos na TV aberta: o sensacional “Tá no ar: a TV na TV”

Imagem
O programa “Tá no Ar: a TV na TV”, que a Rede Globo exibe nas noites de quinta-feira, desde o dia 10 de abril, é disparado o melhor e mais audacioso humorístico da TV. Aberta e fechada. Não há nada mais impagável e sensacional na área do que o programa criado por Marcelo Adnet e Marcius Melhem. Moderno (sem ser modernoso), dinâmico, ágil, com uma boa saudável dose de absurdo, “Tá no Ar” tem um jeitão da antiga TV Pirata que promoveu uma revolução na televisão brasileira nos anos 1980. Um dos destaques é a paródia dos programas mundo cão e seus apresentadores sanguinários que “Tá no Ar” batizou de “Jardim Urgente”. Um apresentador de terno e gravata, enquadrado de corpo inteiro, fala de atrocidades cometidas por crianças em um jardim de infância com a linguagem de jornalismo policial. Está na Wikipédia: “Marcelo Adnet não teve seus programas bem aceitos pela crítica. Prometendo ajudar Adnet, Melhem idealizou um programa para que ele pudesse "brilhar". Marcelo ...

Manual do Orgasmo

Imagem
Ficção extraída de meu livro “Torpedos de Itaipu”, editora Artware, 1995 Parecia filme italiano. Eu estava numa livraria dando um tempo. Chovia pra cacete lá fora e o trânsito lembrava um enorme jacaré bêbado. Livraria vazia. Entra um casal. Ele calmo, jeitão de economista do Banco Central, óculos com lentes fundo de garrafa, meio mal humorado. Ela, agitada, colorida, enfiada numa malha rosa arrochada; mulher grande, brincalhona, muito, mas muito gostosa. O aguaceiro engordou na rua. Não gosto de andar na chuva porque toda hora enfiam um umbrella na minha cara. Umbrella é guarda-chuva em inglês...só pra contrariar. Brasileiro, apesar de tropical, convive muito mal com as tempestades. Voltando ao casal, ia tudo muito bem até ela pedir um livro, subindo o tom da voz. “O senhor tem o Manual do Orgasmo?”. Até eu fiquei sem saber o que fazer. Quem estava embrulhando parou de embrulhar, quem estava empilhando livros parou de empilhar e eu que estava lendo orelhas parei de ol...

Empresas de eletricidade metem a mão nos nossos bolsos

Imagem
Quando recebi a conta de luz de abril fiquei indignado. Estava 100% mais cara do que nos meses anteriores. Liguei para a concessionária reclamando e diante da resposta de uma atendente alegando que “houve uma falha no nosso sistema e por isso tivemos que cobrar o valor pela média de consumo anual”, fui reclamar com a Agência Nacional de Energia Elétrica, a Aneel. Por que? Porque a média de meu consumo é 120% menos do que o valor cobrado. Apesar de não acreditar e nem confiar em nenhum órgão do governo, liguei para 167, número da Aneel. Um funcionário ouviu minha reclamação, anotou o número do protocolo da queixa que fiz junto a concessionária e ficou por aí. Até hoje (quase três semanas depois) a única informação que recebi foi através de uma carta mentirosa da concessionária dizendo que os técnicos verificaram os equipamentos e constataram estar tudo normal. Como assim? Não houve um problema técnico que levou esses mesmos técnicos a taxarem a conta com base na média do cons...

Correção: Centro de Artes da UFF só será reinaugurado depois da Copa

Imagem
Acabei de ser informado que não está confirmada para 9 de junho a reinauguração do Centro de Artes da UFF. O reitor vai marcar a data (depois da Copa) e, em seguida, a Assessoria de Comunicação da UFF vai entrar em contato divulgando dia e horas corretos da inauguração. Mais: teatro e galeria de arte vão ser inaugurados antes. O cinema depois, em outra data. É isso aí.

Cine Arte UFF vai ser reinaugurado dia 9

Imagem
Até que enfim! Após anos e mais anos de reforma, o Centro de Artes da UFF (cinema, teatro e galeria de artes) vai ser reinaugurado no próximo dia 9 de junho. A informação é de Gilson Monteiro em sua página no Globo, caderno Niterói. Luz, som, segurança, tudo absolutamente de última geração. Para nós que vivemos em Niterói e amamos, por exemplo, o cinema, é uma grande notícia. Se for mantida a mesma (e tradicional) filosofia do Cine Arte UFF (filmes de arte e alguns alternativos), somada a alta tecnologia, estaremos bem servidos. Mais: Gilson informa que o teatro vai ser a nova morada da Orquestra Sinfônica da Universidade, uma das melhores do país. Inaugurado em 1969 por Nelson Pereira dos Santos, o Cine Arte UFF é um patrimônio cultural do país. Ali, gerações e mais gerações conheceram grandes diretores como o próprio Nelson, Cacá Diegues, Bergman e dezenas de outros que ganharam homenagens especiais. Foi lá que assisti ao documentário que mostra o fim dos Beatles, “Let it ...

Praia de Itaipu: saudade do futuro

Imagem
Para quem reproduz este blog em outros lugares Amigos alertam que vários textos publicados aqui no blog estão reproduzidos em outros na web. Dei um Google e comprovei. No entanto, todos citaram meu nome e este blog como fonte, o que deixa a questão no zero a zero. Não me importo quando republicam o que escrevo em outros lugares, desde que citem a fonte. Hoje, pesquei um pequeno texto abaixo sobre a “minha” ex-praia, Itaipu, que poderá a voltar a ser linda, daí o título “Saudade do futuro”.                       Saudade do futuro Transformada em favela a beira mar, a praia de Itaipu ia receber um choque urbanístico de primeira linha. Até o museu de arqueologia seria ser restaurado. Quem viu o projeto de salvação de Itaipu garante que está para lá de deslumbrante, mas a pergunta que não sossega é por que a urbanização foi engavetada? Escrevo ouvindo uma seleção d...

Sem Jeito me mandou lembranças

Imagem
Hoje foi um dia que comprovou, mais uma vez, que sou um sujeito totalmente desajeitado quando o assunto é serviços domésticos e similares. Três exemplos. De manhã cedo, por volta das 7 horas, escovava os dentes depois do banho e resolvi trocar a lâmpada do banheiro. A que fica no teto, que com as duas nas laterais da pia, formam um conjunto. Fui na área de serviço, peguei a fatídica escadinha de alumínio, abri, pus embaixo do lustre e subi. Vamos direto aos fatos: 1 – quando retirava o lustre, deixei que ele escapasse da minha mão. Explodiu no chão. Sem problemas. Desci, peguei a lâmpada nova, subi de novo a escadinha e consegui retirar a queimada, o que para mim cheirou a vitória. Mas na hora de enroscar a lâmpada nova, Sem Jeito baixou de novo. Apertei demais e a lâmpada estourou na minha mão e só não me cortei porque estava com uma toalha enrolada. Em suma: como hoje foi dia da diarista deixei que ela providenciasse a troca da lâmpada, o que ele fez em menos de três minutos. ...

O fim da Copa dos otários

Imagem
Por essa o governo não esperava. Nas ruas, em vez de otários pintando muros de verde e amarelo, multidões indignadas com a dinheirama que o sistema despeja na copa do Mundo, em detrimento da saúde, dos transportes, da educação, da inflação. O povo, lúcido, vai torcer sim pelo Brasil na Copa do Mundo, mas não vai dar a cara a tapa, não vai fazer parte de corrente pra frente nenhuma em prol dos corruptos endinheirados do governo e da Fifa, entidades que faturam bilhões com esse evento. O governo que está aí muito lembra o regime militar, que usava a Copa do Mundo para dopar o povo. Naqueles tempos éramos sim alienados, frouxos, arregados por causa da censura, das perseguições, da violência. Hoje o governo permanece aparelhado, mas não tem coragem de rasgar a Constituição e mandar as tropas para as ruas nos obrigarem a colar bandeirinhas do Brasil em fios de alta tensão, estupro verde amarelo tantas vezes praticado nos anos 60 e 70. Não tenho a menor ideia do que irá aconte...

O obsoleto mundo dos reaças

Imagem
Fila de banco. Duas mulheres conversavam animada/desanimadamente sobre seus celulares. Uma, calça jeans, dorso retilíneo, bem interessante, dizia que o seu aparelho era um iPhone 4. A outra, mais para adiposa, mas também gostosa, ostentava um iPhone 5. Eu segurava, apenas, uma quase alérgica curiosidade empunhando meu Nokia C2 ano 2012, pequeno, barato e notável, mas já ultrapassado segundo o mundo cão. Pensei em me meter entre as duas. Participar da conversa. Dizer o que penso de modelo Y ser mais isso do que modelo X que é mais aquilo que o modelo Z, mas bateu preguiça. Vai que me enfio ali e as duas acham que é assédio, o que, muito entre nós aqui nessa cabana, não seria assédio não. Seria o velho e bom tesão.com.br. Um amigo, gigaintelectual, tem um Fusca 1982 na garagem de seu prédio, no Leblon. Ele me disse uma vez que o melhor carro do mundo é o táxi. Concordei. Quando vivia em Paris, anos 70, ele tinha um Citroen 2 CV, xodó dos existencialistas. Foi ele quem me apresen...

Relendo a autobiografia de Pete Townshend, pai do The Who

Imagem
Quando a autobiografia do líder do The Who saiu no Brasil, em outubro do ano passado, devorei as quase 500 páginas rapidamente. Li ansioso, curioso, faminto de informações sobre este músico que é um de meus heróis e que, pela primeira vez, tornou pública parte de sua vida. Publiquei aqui neste blog uma resenha enfiando o cacete na biografia, e em alguns momentos afirmei que Townshend se mostrou dissimulado, sinuoso, escorregadio ao descrever vários temas e situações. Por exemplo, escrevi: “Townshend é um gênio? É. E quem está falando não é um fã, mas um jornalista e radialista, um reles técnico. Seu livro é bom? Mais ou menos.  Esperava muito mais. Ele empurrou muita coisa privada abaixo (corte de 500 páginas? Falhas na edição brasileira?), inclusive uma abordagem mais profunda de “Quadrophenia” que é tratado quase que a meia bomba, ao contrário de “Tommy”, citado página sim, noutra também. Outro injustiçado é seu álbum-solo “Empty Glass”, um dos melhores discos da ...