Relendo a autobiografia de Pete Townshend, pai do The Who


Quando a autobiografia do líder do The Who saiu no Brasil, em outubro do ano passado, devorei as quase 500 páginas rapidamente. Li ansioso, curioso, faminto de informações sobre este músico que é um de meus heróis e que, pela primeira vez, tornou pública parte de sua vida.

Publiquei aqui neste blog uma resenha enfiando o cacete na biografia, e em alguns momentos afirmei que Townshend se mostrou dissimulado, sinuoso, escorregadio ao descrever vários temas e situações. Por exemplo, escrevi:
“Townshend é um gênio? É. E quem está falando não é um fã, mas um jornalista e radialista, um reles técnico. Seu livro é bom? Mais ou menos. 

Esperava muito mais. Ele empurrou muita coisa privada abaixo (corte de 500 páginas? Falhas na edição brasileira?), inclusive uma abordagem mais profunda de “Quadrophenia” que é tratado quase que a meia bomba, ao contrário de “Tommy”, citado página sim, noutra também. Outro injustiçado é seu álbum-solo “Empty Glass”, um dos melhores discos da história do rock. 

Townshend prefere ficar enchendo nosso saco tentando convencer que “Iron Man” e “Psychoderelict” são sensacionais (não gosto desses discos) e que sua mulher Rachel é um gênio musical incompreendido.
No primeiro semestre do ano que vem lerei de novo. Espero traduzir o confusionismo townsheniano e, quem sabe, descobrir mais informações relevantes neste labirinto editorial que é o livro de Peter Dennis Blanford Townshend.”

Bom, conforme prometi estou na releitura do livro e, de fato, muitos pontos ficaram mais claros agora que leio devagar, atentamente. Por exemplo, ele encheu a bola de Quadrophenia. O que eu não tinha percebido na primeira leitura é que ele entra e sai no tema Quadrophenia várias vezes. Errei também ao dizer que ele não valorizou seu álbum-solo “Empty Glass”. Ele fala muito, e muito bem do disco. Ou seja, o que na correria da leitura inicial eu entendi como dissimulação na verdade é um estilo de escrita subjetivo, indireto, porém, com todos os elementos.

Em suma, vale a leitura. É um livro sobre Townshend, sobre o Who, sobre, afeto, rock, vida, mundo, mar, praia, conflitos, drogas, bebidas, enfim, existência desse bardo de 69 que segue cumprindo a sua sina.



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