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Mostrando postagens de dezembro, 2017

Cabeça para baixo

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O VALOR DO SILÊNCIO "Tantos querem a projeção. Sem saber como esta limita a vida. Minha pequena projeção fere o meu pudor. Inclusive o que eu queria dizer já não posso mais. O anonimato é suave como um sonho. Eu estou precisando desse sonho. Aliás eu não queria mais escrever. Escrevo agora porque estou precisando de dinheiro.  Eu queria ficar calada. Há coisas que nunca escrevi, e morrerei sem tê-las escrito. Essas por dinheiro nenhum. Há um grande silêncio dentro de mim. E esse silêncio tem sido a fonte de minhas palavras. E do silêncio tem vindo o que é mais precioso que tudo: o próprio silêncio."  Clarice Lispector, Crônicas no 'Jornal do Brasil (1968)'   Aqui nesta psicodélica cabana de minha crônica insignificância ouso compartilhar alguns draminhas pequenos burgueses com minha meia dúzia de quatro ou cinco leitores. Draminhas (ideal seria dramecos) que não interessam a ninguém. Escrevo esta coluna sob o manto da mais severa, dura, moleca e (po...

Feliz Natal para todos!

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Você não vai encontrar nas frases abaixo nenhuma sacada genial, mas o que alguns escritores, filósofos e pessoas anônimas sentiram e escreveram sobre o Natal. Uma data tão poderosa que só o silêncio da contemplação sabe explicar. "O Natal é um tempo de benevolência, perdão, generosidade e alegria. A única época que conheço, no calendário do ano, em que homens e mulheres parecem, de comum acordo, abrir livremente seus corações."(Charles Dickens) "Natal é tempo de encontros e reencontros, procure ser e fazer feliz. É tudo o que importa! (L. Bonotto) "Será que diante de tantas evidências de felicidade seria utópico conseguirmos fazer do Natal uma data que se repetisse, trezentas e sessenta e cinco vezes por ano?" (Ivan Teorilang). "Lembre-se, se o Natal não é achado em seu coração você não o encontrará debaixo da árvore" (Charlotte Carpenter). "Ainda que se percam outras coisas ao longo dos anos, mantenhamos o Natal como algo ...

Caro Verão,

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Caro Verão, Depus as armas. Isso mesmo, estação do meu suplício, pedi arrego e decidi tentar conviver melhor contigo, numa boa, na paz. Verão, de fato você não tem culpa se os caras estão desmatando, poluindo, arrombando a camada de ozônio. Lembro de meus pais e avós falando de “brisa de verão” mas, meu chapa, até essa brisa roubaram. Não conheci. Sabe aquele convite “vamos tomar um refresco num fim de tarde de verão?”, não rola rapaz.  Não rola porque é humanamente impossível até raciocinar quando os caras que vendem as matas, rios, baías, oceanos acendem o maçarico. Sabe, Verão, um dia desses liguei para um restaurante novo para ver se estava cheio e depois da ligação me surpreendi com minhas perguntas: 1) Boa noite, o ar condicionado está gelando?; 2) Mesmo quando a casa está cheia?; 3) Quantos B.T.Us? Além de isentá-lo decidi sentir menos calor, apesar de estar calor. Como? Montei uma bateria de ventiladores de seis pás que transformam minha casa na costa das...

Carro pra que?

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Encontrei o querido amigo Helinho em frente ao banco. Ele vinha pela calçada, me viu, abriu os braços, trocamos um longo abraço. Disse a ele que estava indo pagar o IPVA do carro porque o banco na internet tinha dado pau. Ele respondeu: “há mais de um ano que não sei que problema é esse.” Economista bem sucedido, especializado em finanças pessoas e também terapeuta holístico, desde novo Helinho investe em qualidade de vida. Contou que há um ano e meio vendeu seu Honda Civic 2012 por R$ 50 mil e investiu muito bem o dinheiro (ele conhece esse caminho). Nos dias úteis só usa os baratos Uber Select e nos finais de semana fez um excelente negócio com uma locadora de automóveis. Um motorista deixa um Toyota Etios Hach completo, automático ("me sinto um burguês velho dirigindo” rsrsrs), na garagem dele na sexta a tarde e busca na segunda. Num pacote especial de uso continuo a diária não chega a 100 reais. Helinho conta, rindo, que “me tornei um minimalista e adoro esse ca...

O analfabeto político - Berthold Brecht (1898-1956 - eternamente atual)

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O pior analfabeto É o analfabeto político, Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas. O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e o lacaio das empresas nacionais e multinacionais.

O sadio crespusculo da adolescência

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No fim da tarde de ontem, segunda-feira, fui a formatura de minha sobrinha Catherine Beranger de Farias Mello no colégio La Place, em Piratininga, Niterói. Fomos meu irmão Fernando, a cunhada Milena e sua mãe Aida. Ela recebeu o diploma do ensino médio para começar o curso superior de cinema agora em 2018. Foi tudo muito simples, bonito, afetuoso. O carinho com que o La Place trata seus alunos, como já me disseram na cidade muitas vezes, é real. A plateia de mães, pais e afins sentiu verdade, respeito, consideração por parte de professores coordenadores etc. Cada um daqueles garotos e garotas tinha consciência que estava se despedindo da adolescência, uma fase de transição marcada pela dúvida, um certo desalento, uma quase miopia existencial e eventualmente muita ansiedade. Mas a contagiante alegria delas e deles acabou passando para nós, os chamados adultos que acham que sabem de tudo mas o fundo, sei lá. Em determinado momento quando o orador da turma falou de sonhos e...

Tolerância a intolerância é intolerável

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A tolerância a intolerância é intolerável, mas está presente até para quem não pode ou não quer ver. Nas ansiosas filas dos bancos, nos ônibus, aviões, na caminhada solitária das pessoas rumo ao trabalho, na escola, na consulta médica. Rumo ao nada, muitas vezes. Exercitar a tolerância é mais do que fundamental, ensinam a filosofia (parceira invisível e milenar de todos nós), a psicologia, o bom senso. Um exercício difícil, espécie de musculação existencial, vital, para que as pessoas possam conviver minimamente bem com elas mesmas e a partir daí com a sociedade. A intolerância está presente nas ruas, no ambiente de trabalho, no supermercado, nas redes sociais na internet, na política partidária. Hoje, o radicalismo parece se impor ao bom senso e assistimos a um banho de sangue entre aspas entre pessoas que atiram até amizades de décadas no lixo em nome de convicções políticas dos outros, dos políticos profissionais. A sensação de “vão-se os dedos, ficam os anéis...

O castigo de Sísifo

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Não tenho vocação para Sísifo e seu castigo, apesar de já ter dito aqui que o trabalho é a minha razão de viver. Sem exagero. Filei essa afirmação do jornalista Samuel Wainer, pai de meu saudoso amigo Samuca, cuja autobiografia se chama “Minha Razão de Viver” e continua a venda nas boas livrarias. Estou pegando fôlego, alugando coragem para reler “O Mito de Sísifo”, de Albert Camus, que foi um herói de minha pós-adolescência, se é que isso existe. Mas coragem não é uma casaca que você entra numa loja e aluga para usar num batizado, casamento, funeral. Coragem anda por aí. Um dia desses saí de manhã para ajustar os óculos, que estavam escorregando pelo nariz. Fui a rua Gavião Peixoto, em Icaraí, onde em frente ao número 113 (funcionava uma loja da Ortobom), perto da Pereira da Silva, numa calçada muito estreita um “morador de rua” (definição dos politicamente corretos) e seus quatro cachorros raivosos e imundos decidiram se fixar, obrigando os pedestres a andarem pela rua. No...

Eleição não tem Procon

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A diferença é que o Brasil foi descoberto e não conquistado. Há quem diga que foi por acaso e que Cristóvão Colombo já havia avistado nosso litoral antes, mas passou batido. Ninguém sabe por que (?). Conquista é uma coisa, descoberta é outra. Em 1808, movida pelo cagaço amplo, geral e irrestrito, a Corte portuguesa fez as malas e, se borrando toda, veio parar no Rio de Janeiro fugindo de Napoleão Bonaparte. Dom João VI, imperador, preferiu o calor inclemente do Rio e a fedentina da cidade onde cães, bosta e degradação se misturavam, a ter que enfrentar os franceses. A História conta que um dos primeiros atos de D. João foi criar o Banco do Brasil, seis meses após a sua chegada, para uso pessoal. O Banco nasceu como cofre particular de onde arrancava milhões e milhões todos os meses. A bordo das naus que partiram de Lisboa, escoltadas por navios ingleses (ingleses que, como pagamento, levaram toneladas - literalmente - de ouro das Minas Gerais), a fina flor da escrotália da ...

Luiz Carlos Maciel (1938-2017)

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Luiz Carlos Maciel morreu sábado, aos 79 anos. Falência múltipla dos órgãos. Guru da chamada contracultura, Maciel foi um dos mais importantes intelectuais brasileiros e deixa uma marca profunda, uma presença rebelde no obtuso Brasil de hoje. Sua história é impressionante: Foi um dos fundadores do jornal O Pasquim, em 1969. Em 1970, juntamente com a maior parte da equipe do Pasquim, foi preso pelos militares e passou dois meses na Vila Militar, no Rio. Editou também o semanário contra cultural Flor do Mal, e foi diretor de redação da revista Rolling Stone a partir de 1972, quando a publicação era revolucionária. Maciel trabalhou durante vinte anos na Rede Globo como roteirista, redator, membro de grupos de criação de programas e de analista e orientador de roteiros. Em 1979 colaborou no semanário Enfim e, no ano seguinte, na revista Careta, ambos editados por Tarso de Castro. Em 1984 dirigiu o espetáculo musical Baby Gal, com a cantora Gal Costa, e a peça Flávia, cabeça, tronco e m...

37 anos sem John Lennon

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                          A empresa norte-americana Phojoe em parceria com a Sachs Media Grooup usou designers e computadores de ponta para especular como Lennon estaria hoje. Hoje é o 37º. Aniversário da morte de John  Lennon, que estaria com 77 anos. Voltando a 8 de dezembro de 1980, lembro que no dia seguinte ouvia em meu Fiat 147 as notícias transmitidas pela rádio onde trabalhava, a Jornal do Brasil AM, o melhor Radiojornalismo do país, até hoje. Trabalhava, também, como editor de jornalismo da Rádio Cidade (que pertencia ao Grupo JB) para onde rumei. Eram 9 e meia da manhã quando entrei na ponte Rio-Niterói a caminho do prédio do Sistema JB, aquele belo navio ancorado na avenida Brasil 500, hoje sede do Into. Como boa parte do planeta, eu estava transtornado, confuso, triste, angustiado. Jornalista profissional desde os 16 anos, aprendi nas redações que o melhor remédio para amenizar esse tipo de d...

Devedor de Promessas

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Os meses tem características próprias muito marcantes e dezembro talvez seja o de traçado mais gritante. Logo nos primeiros, o maior tumulto. O trânsito, as calçadas, as lojas, as pessoas, os meios de comunicação. Vão dizer que é por causa do Natal, associado a injeção do 13º. salário, mas não creio que seja somente isso. Mesmo porque, com o desemprego causado pela Dra. Dilma que inventou Temer e seu bando e, de sobremesa, nos serviu uma recessão histórica (sem falar de outros problemas do submundo), não há 13º, nem 8º, nem 1º., nem 5º. salario para mais de 12 milhões de brasileiros. Penso que a logomarca de dezembro é a ansiedade. Vários fatores se encontram no mesmo cruzamento como, por exemplo, a descabelante perspectiva de um fim de ano com a velha ladainha dos famigerados comentaristas econômicos e suas pregações catastróficas, regadas a mesmice. Além disso há débitos existenciais e afetivos que precisam ser quitados até meia noite de 31 para 1 de janeiro. Como o ro...

Novas Patrulhas

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Começo invocando a Wikipédia:   Patrulha ideológica  ou  patrulhamento ideológico  é uma expressão cunhada pelo  cineasta   Cacá Diegues , em  1978 . Designa uma organização informal de pessoas unidas por laços  ideológicos  ou  religiosos que tem por objetivo de impor seus ideais a outro grupo de pessoas, munindo-se de  discursos ,  protestos  e reivindicações. Essa atividade se caracteriza por uma vigilância constante do público alvo. Em agosto de  1978 , o filme  Chuvas de Verão , de Cacá Diegues, foi recebido com frieza pela crítica, que já tinha desancado  Xica da Silva , o filme anterior do diretor. Na sequência, Diegues concedeu uma longa entrevista à jornalista Póla Vartuck, publicada no jornal  O Estado de S. Paulo , sob o título "Cacá Diegues: por um cinema popular, sem ideologias", na qual denunciou as "patrulhas ideológicas". Elas seriam integradas por  jornali...

A noite de autógrafos do mestre Carlos Ruas*

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                                                          O mestre                                    A bela família presente na noite de autógrafos                                               Carlos Ruas: talento e afeto Foi ontem no Plaza Shopping a noite de autógrafos do livro de fotos do mestre do jornalismo e amigo muito querido, Carlos Ruas, que comemora com mais uma bela obra os seus 90 anos de idade. Amigos, leitores, colegas, estava todo mundo lá. O livro se chama “Niterói de Outros Tempos”, foi editado pela também jornalista e amiga Cristina Ruas (filha do autor) e foi viabilizado pela Prefeitura de Niterói, através d...