Novas Patrulhas
Começo invocando a Wikipédia:
Patrulha
ideológica ou patrulhamento
ideológico é uma expressão cunhada pelo cineasta Cacá Diegues,
em 1978. Designa
uma organização informal de pessoas unidas por laços ideológicos ou religiosos
que tem por objetivo de impor seus ideais a outro grupo de pessoas, munindo-se
de discursos, protestos e
reivindicações. Essa atividade se caracteriza por uma vigilância constante do
público alvo.
Em
agosto de 1978,
o filme Chuvas de Verão, de
Cacá Diegues, foi recebido com frieza pela crítica, que já tinha desancado Xica da Silva, o filme anterior do
diretor. Na sequência, Diegues concedeu uma longa entrevista à jornalista Póla
Vartuck, publicada no jornal O Estado de S. Paulo,
sob o título "Cacá Diegues: por um cinema popular, sem ideologias", na
qual denunciou as "patrulhas ideológicas".
Elas
seriam integradas por jornalistas ligados ao Partido Comunista Brasileiro - então
clandestino - que teriam a "missão" de denegrir produtos culturais
não alinhados a um certo padrão considerado politicamente correto por esses
grupos formadores de opinião.
A
polêmica que se seguiu mobilizou os meios intelectuais brasileiros da época e
rendeu o livro Patrulhas
Ideológicas, de Carlos Alberto M. Pereira e Heloísa Buarque de Hollanda (Brasiliense,
1980). No livro, há uma nova entrevista de Diegues, na qual ele define melhor
o modus operandi das patrulhas:
"O que existe é um sistema de pressão, abstrato, um sistema de cobrança. É
uma tentativa de codificar toda manifestação cultural brasileira. Tudo o que
escapa a esta codificação será necessariamente patrulhado".
Com a impressionante evolução da tecnologia da
Comunicação, que tornou possível, por exemplo, que um indivíduo com um celular
no banheiro de sua casa no Rio, converse com alguém em Moscou, de 1978 para cá as patrulhas se expandiram
radicalmente. Além da ideológica, existem patrulhas existenciais, politicamente
corretas, sexuais, étnicas, gastronômicas, etecetera .
No pântano da política o pau sempre comeu entre esquerda
e direita. PTB versus UDN, Arena versus MDB, mas agora, turbinadas pelas redes
sociais as pessoas se agridem, se “matam”, de ofendem, se cospem. E a culpa não
é das redes, que são apenas o meio, a mídia. Se elas existissem nos anos 1950
também se tornariam poços de ódio.
No entanto há um dado novo, que já incomodava muito o
Cacá Diegues lá em 1978, conforme revela a Wikipédia. Hoje temos que conviver
com a ditadura do politicamente correto, que o filósofo Luiz Felipe Pondé, que
em seu livro Guia Politicamente Incorreto da Filosofia, afirma que era a base do nazismo.
A patrulha ideológica é um dos braços do politicamente
correto, praga que cada vez mais acinzenta a paisagem, fulmina o bom humor
coletivo, pune quem tem opiniões contrárias a seus mandamentos e em alguns
casos defende a corrupção política partidária.
Até quando?