Tolerância a intolerância é intolerável
A tolerância a intolerância é intolerável, mas está
presente até para quem não pode ou não quer ver. Nas ansiosas filas dos bancos,
nos ônibus, aviões, na caminhada solitária das pessoas rumo ao
trabalho, na escola, na consulta médica. Rumo ao nada, muitas vezes.
Exercitar a tolerância é mais do que fundamental, ensinam
a filosofia (parceira invisível e milenar de todos nós), a psicologia, o bom
senso. Um exercício difícil, espécie de musculação existencial, vital, para que
as pessoas possam conviver minimamente bem com elas mesmas e a partir daí com a
sociedade.
A intolerância está presente nas ruas, no ambiente de trabalho, no supermercado, nas redes sociais na internet, na política partidária. Hoje, o radicalismo parece se impor ao bom senso e assistimos a um banho de sangue entre aspas entre pessoas que atiram até amizades de décadas no lixo em nome de convicções políticas dos outros, dos políticos profissionais.
A sensação de “vão-se os dedos, ficam os anéis” em redes
sociais como o Facebook e Twitter, onde todo mundo bate em todo mundo
defendendo políticos, políticas, governos, desgovernos, incha mais os bolsos
deles, dos políticos, e esvazia a esperança de uma nação mais equilibrada, mais
generosa e até mais engraçada. Afinal, sem humor nada é possível.
Dizem que essa onda de tolerância a intolerância é
passageira. Até concordo, mas não nego que ela me preocupa e até ocupa meus
pensamentos em plena hora da vadiagem, dos devaneios. Afinal, se brigar por nós
exige limites, brigar por quem não parece ridículo.