A história do rock brasileiro
Sexta e sábado assisti ao sétimo episódio da série “A
Trilha do Rock no Brasil”, no Canal Brasil. Á última chance de ver o episódio é
nessa segunda (12/12), amanhã, ao meio dia e meia. No total são 13, sempre as
sextas feiras 21 horas com horários alternativos sábados as 15h30m e segundas
as 12h30m.
Foi assim. Há três anos o saudoso amigo Darcy Burger
(morreu em setembro último, fulminado por um ataque cardíaco), mega diretor de
TV e cinema, me convidou para almoçar. Dono da fantástica B2 filme (autora de
mais de 100 DVDs de música), assim que sentamos no restaurante em Botafogo ele
me disse “quero ideias.”
Lisonjeado pra cacete, terminei o almoço prometendo a ele
um argumento inusitado, uma semana depois. “Sobre o que?, ele perguntou, sempre
muito vivo, intenso, e eu respondi “sobre algo que muitos julgam impossível de
fazer: a história do rock brasileiro”. Ele rebateu “você acha que dá pra fazer?”,
respondi “dá, sim” e ele arrematou “então manda ver”.
Assim nasceu o primeiro rascunho de A Trilha do Rock no
Brasil, uma série que conta, em detalhes, a história do nosso rock desde que a
diva do samba canção Nora Ney gravou “Rock Around The Clock”, de Bill Haley, em
1955 até hoje. Deixei claro em meu argumento que deveríamos, sim, fazer uma
série histórica, mas inusitada.
A partir daí, algumas reuniões com o Darcy (todo mundo
chama de Dadá, mas quando o conheci na Rede Manchete de TV em 85 foi como Darcy
e assim ficou) e sua esplêndida equipe da sua B2 Filmes. Produção, assistente
de direção, profissional de pesquisa, etc. Habituado a trabalhar com baixo
orçamento, minha proposta sempre foi fazer “uma série espetacular, porém
barata”, abusando da criatividade.
Em 2015 gravamos umas 100 entrevistas. Conduzi todas no
Rio, Isabela Saboya e Fernanda Flores gravaram as de São Paulo, Minas e Rio
Grande do Sul. Elas foram absolutamente brilhantes, bem como câmeras,
iluminadores, os profissionais de pós produção.
Impressionante como a história do nosso rock é bem
demarcada. Chegou pelo cinema e na sala escura as pessoas iam dançar, beijar na
boca. Ativistas do embrionário politicamente correto – Jânio Quadros, por
exemplo – achavam “aquilo” imoral. Para piorar, inexplicavelmente as pessoas
começaram a quebrar os cinemas.
A primeira geração do rock brasileiro conquistou a classe
média das grandes cidades, que viam naquele tipo de música uma trilha de
diversão e prazer. Na sequência, Jovem Guarda, Tropicália, progressivo, punk,
anos 80, anos 90, Manguebeat e os dias de hoje, quando o rock nacional se
politizou, sofisticou, debochou, elaborou. A série mostrou e vai mostrar cada
movimento, em detalhe.
Quero reunir num livro, com o mesmo nome (A Trilha do
Rock no Brasil), os depoimentos de todas as 100 pessoas que falaram sobre essa
era 1955-2016. Ano passado conversei com o Darcy, ele concordou, liberou formalmente o
material e se alguma boa editora se interessar escrevo o livro. Mas só
assinarei contrato se não tiver que fazer sessões de autógrafos. Isso,
nunca mais.
Com a morte do Darcy, não toquei adiante a ideia de fazer
um box de DVDs com todos os episódios. Mas, de antemão, ele havia me dito que
seria quase impossível por causa dos direitos autorais. Ou seja, é bem provável
que quando série terminar a história do rock brasileiro volte para os porões. O
que acho lamentável.
Dois outros ótimos projetos acabaram parados, mas isso é
outro assunto.
P.S. – Se alguém está gravando por favor me avise.
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