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Mostrando postagens de fevereiro, 2014

A Meritocracia Negra - artigo de Antonio Ernesto Martins

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Existe um contrato social, nos bons termos de Rousseau, vigente em nossa civilização contemporânea que dá ao estado a prerrogativa do monopólio do uso da força para garantia dos direitos dos cidadãos e preservação do cumprimento de seus deveres. Podemos até alegar que não somos signatários de nenhum contrato, mas esperamos que esse privilégio estatal seja utilizado em nossa defesa sempre que nós, nossa família ou nossas propriedades forem ameaçadas. Dessa forma, depositamos no braço armado do estado com seu poder de polícia a confiança de que essa força seja exercida na defesa do respeito aos direitos individuais e na preservação da ordem. Mas o que fazer quando esse contrato é quebrado como no caso da prisão do ator, vendedor e psicólogo Vinícus Romão? Como não se indignar diante de uma injustiça praticada justamente por aquele ator estatal que deveria defender-nos dessas barbaridades? Vinícius após uma temporada de 16 dias na cadeia, preso injustamente através de um procedimen...

120 mil acessos: manter este blog é uma promessa que fiz

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Este blog passou dos 120 mil acessos. É muita coisa, já que faço a divulgação somente no Facebook e Twitter. Há um bom tempo parei de enviar e-mails para as pessoas comunicando a atualização do blog porque eu poderia estar sendo confundido com spam ou coisa parecida. Não ia gostar de receber uma reclamação. Antes de mais nada, é um prazer produzir. Mais do que um prazer, é um exercício prévio que faço para partir para meu sexto livro, que escreverei neste semestre e cuja história já perambula em minha cabeça. Pelo visto, é uma história interessante. Escrever lembra um pouco musculação. Você exercita, descobre palavras e, naturalmente, lê mais. Tenho conseguido ler um livro a cada 10 dias (só consegue escrever quem lê) e, por isso, descubro novas palavras. Chamo de novas palavras aquelas que, por alguma razão, somem de nosso cotidiano. Os livros são cofres de pencas, abundantes pencas de palavras que quase caem em nosso desuso. Fico muito feliz em ver o número 120.000 ali...

1973 - Um ano realmente especial para a MPB - texto de Mehane Albuquerque Ribeiro

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Lançado há menos de um mês, o livro 1973 – O ano que reinventou a MPB, publicado pela Sonora Editora, já conquistou uma gama expressiva de público e na semana de lançamento esteve entre as 20 obras de não-ficção mais vendidas no país, de acordo com o ranking da revista Veja. O cenário do livro é um Brasil em plena ditadura militar. E o período retratado — o ano de 1973 — veio logo depois da era dos grandes festivais da canção (1965-1972), quando a música brasileira já não estava mais presa à Bossa Nova, à Jovem Guarda, ao Tropicalismo, ou a outro movimento estético. Não havia qualquer expectativa de que algo pudesse ocorrer para trazer novos ares à produção musical. Mas eis que algo extraordinário acontece: despretensiosa e inesperadamente, a música popular brasileira ganha um fôlego extra, com a produção de discos memoráveis que marcaram o período como um dos mais singulares de sua história. O livro reúne resenhas de cerca de 50 jornalistas, artistas e críticos, sobre 50 discos...

Led Zeppelin, Celebration Day: resenha tardia de um clássico do rock

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Assisti mais uma vez ao DVD do derradeiro show do Led Zeppelin em 10 de dezembro de 2007, no Arena 02, Londres e, insaciável, peguei os dois CDS que acompanham o DVD e pus no carro e não dá outra. Só Led Zeppelin nos últimos dias, volume cáustico (vidros fechados) a bordo. O mais impressionante é que abri meus arquivos aqui no PC para ver o que havia escrito sobre esse show e fiquei chocado quando não vi nada de muito consistente. Um ou outro comentário que postei aqui no blog, mais algumas pequenas críticas que distribuí por aí. Comprei o DVD + CD duplo em 2013 com muito receio. Receio de encontrar Jimmy Page carcomido, Robert Plant com a voz gasta, John Paul Jones errando, pisando na bola e Jason (filho de John) Bonham perdido. Para a minha agradável surpresa, assim que assisti ao DVD o equipamento desligou sozinho. No final eu estava boquiaberto, apático, entregue aos delírios internos. Constatei naquele momento em que assisti o show pela primeira vez que foi um dos...

Taxista mal humorado. Haja Saco!

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Texto restaurado e remixado Precisei pegar um táxi, longe da hora do rush para constatar que a tal da hora do rush agora começa as 6 da manhã e só acaba as 10 da noite. Não sei o que vão fazer com tantos carros e antas dirigindo. O táxi que peguei deveria ser arrancado de circulação. Caindo aos pedaços. Entrei (não havia outra opção) e o motorista ouvia uma rádio mundo cão aos berros, com as piores notícias até aquela hora do dia. Solicitei, visivelmente fulo da vida, que o taxista desligasse o rádio. Ele diminuiu o volume. Eu, então com a voz já meio enfurecida, disse “eu pedi para desligar”. Não sei que tipo de expressão facial me acometeu, mas o cara foi lá e clique, desligou o rádio. Foi pior. No lugar do rádio, ele começou a falar. Falar mal. Do mundo, do Brasil, da vida, da mulher e do seu próprio carro. Perguntei, tentando cortar aquela tempestade de coliformes fecais despejada pela boca daquele cidadão, se o ar condicionado do carro estava funcionando. Ele disse ...

Leve desespero diante da falta de chuva

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Falta de chuva, altas temperaturas, reservatórios quase secos, recordes e mais recordes de calor em praticamente todas as capitais do sudeste e sul do Brasil. Não ser fala em outra coisa. Nos sites, jornais, TVs, rádios, o assunto é esse sufoco que assola o país depois de décadas e mais décadas de relativa normalidade no verão. Que normalidade? Sol forte durante o dia, chuvas torrenciais nos fins de tarde. Mais de um mês sem uma gota d´água sobre o Rio de Janeiro e arredores. Mais de um mês, em pleno verão, com temperaturas estonteantes em todos os pontos da cidade, do estado. E a mídia alimenta ainda mais o leve desespero que, nitidamente, abate as pessoas nas ruas, ônibus, barcas, sites, por uma razão muito simples: nós do sudeste não estamos preparados para vivermos uma estiagem e isso é muito natural. As reações da natureza desestruturam o ser humano. Em qualquer parte do mundo. Dizem que os japoneses, por exemplo, estão acostumados aos terremotos e convivem muito bem co...

A angustiante velocidade do tempo

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Texto restaurado e reeditado Não sei se o tempo é a maior angústia do ser humano, ou está entre as principais, mas fato é que, ultimamente, muita gente tem falado da velocidade dos calendários e relógios, o que me faz lembrar de uma frase do amigo Alvaro Acioli: “agora, enquanto ainda”. Ou seja, faça enquanto há tempo. Lógico que o tempo também me angustia. Lembro que tempos atrás tive um dia duro de trabalho. Muito duro. Achei que o tempo tinha voado bem mais rápido do que no dia anterior, quando o trabalho foi mais light. Será que a distração proporcionada pelo trabalho aumenta a nossa percepção de velocidade do tempo? Sei lá. Um alto executivo de uma montadora de automóveis nos Estados Unidos, em sua autobiografia, escreveu que “agora, aposentado, sinto vontade de atirar o relógio pela janela na ilusão de que fazendo isso estarei parando o tempo”. Nós aceleramos a percepção de velocidade do tempo? Nós temos esse poder? Quando um supermercado coloca ovos de Páscoa (que é...

Me segurando para não fazer fiu fiu

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                                 Dire Straits: Skateway Texto restaurado e reeditado Encontrei esse texto no Google. Foi publicado e depois guardado em alguma gaveta entre o ano 2000 e 2009, no extinto jornal LIG. Para quem não sabe, tempos atrás meu HD estourou. Perdi mais de 2 mil textos, cerca de 15 mil músicas e vídeos, outros milhares de endereços que estavam no Outlook Express, três livros e mais, muito mais. Não, eu não fazia backup porque, provavelmente, de vez em quando sou uma zebra. Por isso, ando catando meus textos por aí. Esse é um deles. Vamos lá. A quarta invenção mais sensual da civilização é a calça jeans feminina. Claro que a curiosidade vai berrar “e a outras três, meu chapa?”. Vamos lá. Terceira, o micro-biquini de lacinho; segunda a micro-calcinha de cotton; primeira o cipozinho com botão de folha de parreira, que você só encontra na Bahia. Sei que é incorr...

Sertanejos roubam até a estética cênica do Rock

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Texto restaurado e reeditado Não conheço nenhum roqueiro que tenha tido overdose de rivotril com campari, mas os chamados sertanejos universitários, bandos de milionários que cometem um som que está muito distante da autêntica música regional brasileira e também do pop urbano, apelam na maior cara de pau. Se eu tivesse que batizar, chamaria de baranga music isso que eles fazem e cismam que música. Sertanejo universitário é uma marca inventada para justificar o rompimento (em muitos casos nunca houve ligação) nessa (cusp!) música com o regional autêntico. Perceberam que usar palco igual ao do pop rock, mais luzes, amplificadores (em geral Marshall, Hiwatt, Orange e Fender), enfim, tudo idêntico aos que o Bon Jovi, Beyonce e outros astral que fazem do rock um olimpo, objeto cênico de primeira grandeza. Já repararam que esses neo-sertanejos roubaram, à luz do dia, toda a estética cênica do Rock. Os palcos são iguais, as guitarras, contrabaixos, violões são Gibson, Fender, Kra...

Reclamar não vai livrar o Brasil do aquecimento global

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Na boa, estou cheio de ouvir (e ler) gente reclamando do Brasil nesse calorão, em especial dos pequenos burgueses que dizem preferir morar na Europa, Ásia e América do Norte do que “nessa pocilga”, como escreveu um sujeito no Facebook. Fui lá e comentei: “pegue um avião e suma, meu chapa. Reclamar não resolve e esse papo de pequeno-burguês (suburbano mal resolvido) não leva a nada”. O cara não rebateu. É evidente que esse calor não é normal e, com certeza absoluta, a lambança dos desgovernos (federal, estaduais, municipais) é a principal vilã desse aquecimento estúpido. Afinal, pelo menos nos últimos dez anos, esses desgovernos desmataram (ou deixaram desmatar) como nunca, não investiram nada em política ambiental, enfim, se a coisa chegou a esse ponto é porque os desgovernos assim quiseram. Desgovernos eleitos pela maioria, diga-se de passagem. Não foi por falta de aviso. Ambientalistas sérios já vem alertando há mais de 30 anos que a canoa ia virar, que as reservas ambient...

A TV me dispensou e isso foi muito bom!

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Texto restaurado e reeditado Eu já não assistia muito televisão, mas com o crescente processo de imbecilização da mídia, cada vez perdia menos tempo em frente a chamada telinha. Não o conheço, mas sequer posso ouvir a voz de Faustão, ou de Luciano Huck, que também nunca vi pessoalmente. Como a baranganização também começou a migrar para os canais por assinatura, há dois meses quase cancelei a minha. Mais: na internet os grandes portais estão cada vez mais vulgares, acompanhando a onda da TV. Transformaram-se numa usina de fofocas de supostas celebridades extraídas de novelas ou então de programas que nunca vi como um tal de “A Fazenda”. Outros gigantes da web também optaram pela vulgaridade ampla, geral e irrestrita. Só que, felizmente, a internet dá outras zaralhadas de opções e não ficamos reféns de coisa alguma. Banido da TV pela própria TV, onde só assisto bons noticiários e alguns programas de qualidade, eu praticamente só assistia a filmes que me interessam e a novel...

Todos os planos de saúde são iguais e negam atendimento

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Texto de  Fernando Cesar de Farias Mello – advogado. Publicado originalmente no jornal DIZ. Site: http://www.fariasmelloberanger.com.br/ Não precisa ser dito que o bem maior a ser preservado é a saúde, a vida. Afinal, do que adianta estarmos ricos e repletos de bens se não tivermos a saúde para desfrutar de tudo que podemos alcançar? Por isso, é obvio que a saúde vem sempre em primeiro lugar em qualquer época de nossa vida. Mas, quando a saúde nos falta, ficamos reféns dos nossos Planos de Saúde. Considero em síntese, que todos os planos são iguais pois de nada adianta a opção de adesão ao plano x ou y pois em uma necessidade, os planos se espelham em contrato de adesão firmado com o consumidor e negam, isso mesmo, negam atendimento, exames, cirurgias, próteses, órteses, etc...baseando-se em cláusulas atentatórias ao direito do consumidor, tidas como abusivas. E então, com a saúde fragilizada o consumidor tem que percorrer as vias judiciais, sempre assoberbadas de pr...

Grupo Renaissance bate recorde de comentários no meu Facebook

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                                          Ouça. Impressionante. Domingo último postei um clássico do grupo inglês Renaissance em minha página no Facebook. Foi a canção “At The Harbour” do antológico álbum “Ashes are Burning”, de 1973, que conheci quando trabalhei na Rádio federal AM, a primeira emissora totalmente rock (do bom) do Brasil, pilotada por Marcos Kilzer, Jorge Davidson e Carlos Siegelman. Pus a música na Coluna sugerindo que vocês ouçam enquanto lêem essas linhas. No post do You Tube escrevi: “Uma das mais belas introduções que já ouvi. Quase dois minutos com o piano de John Tout.” Mais tarde, o genial Servio Tulio, músico e multitudo, acrescentou: “Este álbum é histórico. Esta introdução de piano e a parte central da música na verdade são trechos de um prelúdio de Debussy chamado "A Catedral Submersa" = La Cathedrale engloutie. Este disco tem diversas citaçõ...

O ególatra vampiriza as ideias

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Texto restaurado e remixado Ególatra, segundo o Michaelis: “aquele que cultua o próprio eu; praticante da egolatria”. Meses atrás encontrei um ególatra na rua. Eu estava andando rápido pelo centro da cidade em direção a uma livraria e o ególatra vinha no sentido contrário. Vinha sozinho, é claro, porque ególatras são seres socialmente insulares. Tentei escapar, mas quase fui atropelado por um táxi. Caí no alçapão. O cara me encheu o saco por exatos 53 minutos de monólogo, já que ególatras não conversam, eles ditam regras, procedimentos, enfim, montam o diálogo. Contou uma longa história que na verdade pertencia a outra pessoa. Explico. Ele disse que fez um vitorioso projeto na área ambiental que todo mundo (ou quase todo mundo) sabe que é de autoria de outra pessoa. Só que essa outra pessoa morreu e o ególatra simplesmente vampirizou o projeto. Assumiu como dele. Inclusive, andou tentando vender para algumas empresas que, alertadas, não fecharam o negócio. O pi...