Sertanejos roubam até a estética cênica do Rock
Texto
restaurado e reeditado
Não conheço nenhum roqueiro que tenha tido overdose de
rivotril com campari, mas os chamados sertanejos universitários, bandos de
milionários que cometem um som que está muito distante da autêntica música regional
brasileira e também do pop urbano, apelam na maior cara de pau. Se eu tivesse
que batizar, chamaria de baranga music isso que eles fazem e cismam que música.
Sertanejo universitário é uma marca inventada para
justificar o rompimento (em muitos casos nunca houve ligação) nessa (cusp!)
música com o regional autêntico. Perceberam que usar palco igual ao do pop
rock, mais luzes, amplificadores (em geral Marshall, Hiwatt, Orange e Fender),
enfim, tudo idêntico aos que o Bon Jovi, Beyonce e outros astral que fazem do
rock um olimpo, objeto cênico de primeira grandeza.
Já repararam que esses neo-sertanejos roubaram, à luz
do dia, toda a estética cênica do Rock. Os palcos são iguais, as guitarras,
contrabaixos, violões são Gibson, Fender, Krammer, Ibanez, Takamini, as
baterias DW, Premier, Ludwig, Pearl, os teclados Yamaha, Fender e nos P.A.s
(caixas gigantes que jogam o som do palco para a platéia) toneladas de
coliformes fecais em estado bruto.
Tempos atrás assisti num canal a cabo o pedaço de um
show desses doidões de rivotril com campari e estavam lá os canhões de luz e
movies a La Roger Waters, a parede de amplificadores Marshall a La AC/DC, as
guitarras, preciosas, a La Hendrix, Pete Townshend, Jimmy Page. Parecia Rock in
Rio.
Tudo isso municiando um nada autoral, invisibilidade
cultural, boçalidade artística e muito, mas muito dinheiro em caixa. Tanto que
até os aviões desses sertanejos são iguais aos das bandas de rock
internacionais.
Já que é assim, que sigam assim, pagando mico musical
despejando vômito sonoro pelo país a fora, em nome da imbecilidade ampla, geral
e irrestrita.
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