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Mostrando postagens de dezembro, 2015

Será que o ser humano despreza as boas notícias?

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Nos anos 1980, eufórico, um colega decidiu lançar um jornal semanal só com boas notícias. Não vou esquecer o seu semblante, sua vibração, algo como se tivesse inventado a roda, a pólvora, a lâmpada. A mesa, com quase dez colegas jornalistas, estava cética. Houve muita discussão. Uns diziam que um jornal assim seria alienante, tiraria o público da realidade e que a realidade, queiramos ou não, é brutal e na época o Brasil vivia a ditadura militar. Nosso animado colega rebatia dizendo que, exatamente por isso (realidade brutal) o público deveria estar buscando um antídoto. Outros acharam a ideia engraçada, mas o fato é que ninguém levou fé no projeto do R. A. (iniciais do meu colega). R.A. era perseverante. Não desist ia sob nenhuma hipótese , mesmo levando um nove a zero numa mesa de bar. Não chegou a dez a zero porque dei força ao projeto, e continuo acreditando (hoje mais do que nunca) que um jornal só com boas notícias seria um sucesso sensacional. R.A. procurou um desenhi...

Só a ficção é capaz de construir um mundo sem ódio

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Até recentemente não acreditava na existência do ódio. Mais do que isso. Não acreditava que alguém pudesse me odiar até que tudo aconteceu, ou tudo não aconteceu. Não conheço o ódio. Não sei se ele faz acontecer ou faz não acontecer. Os motivos que nos tornam odiados variam de acordo com a pequenez de quem odeia, mas em geral é uma mistura de intolerância, impaciência, burrice emocional, falta de contraprestação afetiva (de nossa parte) ou interesses contrariados, tudo sob o manto da onipotência cavalar, egolatria, egoísmo e outras baixarias. Situações que os cafajestes tiram de letra, na base do rabo de arraia, da rasteira existencial. Eles vem do nada, papo lascivo, dão boas bimbadas, ficam por ali um tempo até enjoar, mentem alucinadamente, caem fora, somem, voltam, comem de novo...ódio? De jeito nenhum. Até na lamúria de suas consentidas “vítimas” o cafajeste é cultuado em frases lapidares do gênero “veio aqui na maior cara de pau, me comeu horas. Acordei de manhã e ele já tin...

O anti clima de verão, ou, o brasileiro trabalha pra cacete; é só pararem de roubar seus empregos

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O verão voltou a cena. Aberta. Todo mundo reclama do calor, mas o verão é adorado. Sempre foi. Até os últimos, quando as temperaturas passaram de 40 graus e os meios de Comunicação importaram dos Estados Unidos uma baranga chamada sensação térmica. Cheguei a ler nos jornais que no verão do ano passado a tal sensação térmica bateu os 50 graus algumas vezes. Pode ser impressão minha mas a tal euforia de veraneio, o culto ao sangue, suor e cerveja, anda de bola murcha. Pelo menos nas chamadas redes sociais onde a maioria clama por chuva, por temperaturas mais baixas. Deduzo (dentro da boçalidade consentida pela estação) que o preço da conta de luz (estupro consentido pelos votos que jogaram essa gente lá), somado a arrastões nas praias, falta d´água, falta de grana e, por que não, falta de ânimo, deram uma brochada ampla no chamado “tecido social”, que diante das circunstâncias começa a enxergar o verão como vilão e não como heroizinho de quinta. O verão tem a seu favor algumas ...

Feliz Natal!

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M eu Natal é totalmente lúdico. T em neve, Papai Noel com trenó puxado por renas sob um céu azul-petróleo bem frio, crianças as gargalhadas fazendo guerra de bolas de neve e, claro, os sinais de Deus. Quais sinais? Não sei porque Deus sinaliza o tempo todo, de todas as formas, caminhos, descaminhos. Deus é Deus. O uvi um cidadão dizer para a sua amiga/mulher/namorada/amasia/não sei, algo do tipo “acho o Natal uma boçalidade”. Não sou de me meter na conversa dos outros, mas por que uma boçalidade? Perguntei a mim mesmo enquanto caminhava numa rua qualquer. Nesse meu rápido ra li à pé notei, sim, uma euforia meio histérica nas pessoas, mas preferi valorizar as vitrines das lojas que, não sei se por coincidência ou por regulamento fashion, estão mais tradicionais. Numa delas, modernosa de janeiro a dezembro, havia até um presépio completo, com vários populares tirando fotos com seus celulares. Lembrei ainda do enorme texto de Natal que escrevi ontem para publicar aqui na Colun...

Escrever para ninguém é coisa de eunuco

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Algumas pessoas perguntam por que não tenho mais postado vídeos no Facebook. Tive uma fase em que postava direto, compartilhava o prazer da música com todas as pessoas que estão lá. Só que resolvi investir mais aqui nesta Coluna. Lembrei do amigo Miguel Aranega que, como eu, também postava muitos vídeos musicais em sua página. Um dia, ele escreveu um longo texto dizendo que iria parar de postar por uma série de razões e eu até deixei uma mensagem para ele protestando. Depois foi o Lula Tiribás, Sonia Toledo, Débora Dumar, enfim, todos os meus amigos (reais, conheço há anos) pararam de postar músicas. Não sei se a falta de contato com eles durante a postagem, a troca de comentários e informações sobre as músicas, foram me desestimulando ou se a rua, a chuva e a fazenda se tornaram mais interessantes. Lembro dos tempos do extinto Fotolog. Tive um chamado Quadrophenia 1973 só sobre The Who. Todos os dias, durante meses a fio, eu publicava um texto baseado em alguma foto inédita...

O sedã japonês

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O sedã japonês é verde escuro e estava num canto da vitrine da concessionária. Zero quilômetro. Tinha chegado do Japão há três meses, temporada no porto, depósito, pátio, documentação, lavagem, revisão, transporte, vitrine. Ele entrou disposto a comprar um SUV preto, tração 4X4, para viajar pelo Pantanal e fazer uma perna para o deserto de Atacama, Chile. Ele sabia que carros japoneses e alemães não dão problema, são resistentes, honestos, apreciam a longevidade. Ia fechar negócio com o SUV. O vendedor foi lá atrás pegar o manual e outros detalhes quando o olhar dele fixou-se no sedã japonês. Levantou, olhou a frente, traseira, laterais. Abriu o motor, 16 válvulas, bloco em alumínio, muitos cavalos de potência, câmbio automático e, o mais importante, carro japonês, que não dá trabalho e, ainda por cima, da mesma marca do SUV. Mudou de ideia. Em vez do SUV comprou o sedã japonês. No dia seguinte saiu da loja, pôs um CD no Kenwood de fábrica e saiu. Foi até Barra do ...

O Brasil é o único lugar no mundo onde o fundo do poço tem sub-solo. Ou, overdose de tecnologia faz bem ou mal?

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Eu tinha uma agenda no computador onde registr ava todos, absolutamente todos os meus compromissos. Não sei por que, numa manhã, a tal agenda deu pau. Não queria abrir de jeito nenhum. Procurei me acalmar (tecnologia e pânico não combinam), reiniciei o computador e tentei abrir de novo. Nada. Em suma, a agenda de última geração foi para o espaço por razões que até hoje ignoro. Mais. Meu computador tem mouse, teclado e monitor sem fio. No início foi uma maravilha, máquina super prática, ótima mobilidade, enfim, os gênios acertaram na mosca. Era o que pensava até as 3 horas da madrugada de um dia de semana quando a pilha do mouse descarregou e eu tive que interromper uma matéria que escrevia, com prazo. Peguei o carro e parti para as lojas de conveniência de postos de gasolina atrás de uma pilha. Para não ter dúvida, levei o mouse comigo e, ufa!, no terceiro posto encontrei a pilha. Comprei duas (o teclado tem pilha também) e retornei para casa. Consegui terminar o trabalho. Mas,...

Diálogo Interno, ou, “toda a vez que andei na linha o trem matou”, ou, todo inconsciente é profissional, assim como o todo consciente é amador

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Texto remixado. Publicado originalmente em janeiro de 2014 Consciente – Gozado, escrevi um artigo apoiando o amor incondicional e quase fui aped r ejado. Quase arrancaram o meu saco, penduraram numa pipa (ou cafifa, ou papagaio) e mandara m para longe. Inconsciente – É assim mesmo. Quem tem sul tem medo. O pavor das pessoas com o amor só perde p ara o cagaço que sentem da paixão. Principalmente a paixão virtual, que eu chamo de cisma, sabe qual é? Não, você não sabe qual é. C – Lá vem você com essas conversas, como se Jung, Freud e Lacan não tivessem feito o seu rastreamento. Só falta agora arrancar de uma frase solta e sem nexo a máxima “toda a vez que andei na linha o trem matou” e colocar no título do artigo. I – Será que vale à pena não arriscar e fingir que estou submetido ao seu comando? Todo incon s ciente é profissional, assim como todo consciente é amador. E se eu te induzir a colocar essa máxima, que tem zaralhadas de explicações e análises, no título do texto, ...

Coluna do LAM volta a ser Coluna do LAM

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“ A lua surgiu Redonda como um tamanco Se você gosta de sorvete Por que roubaste minha bicicleta? Porque joguei um limão n´água Pesado foi ao fundo A água ficou turva Camarão não tem pescoço” - De um à toa cambalhotando em Barra do Sana, RJ Muitas coisas não tem lógica nessa vida. Ontem, 14 de dezembro, foi aniversário da Coluna do LAM. Três anos. Num rasgo de sei lá o que decidi mudar o nome da coluna, o endereço e o design. Hoje de manhã, chuva de e-mails. Leitores reclamando. Muito. Não entenderam o porque da mudança e eu nem perdi tempo em explicar por que...sei lá por que (rs). Tendo em vista a reação (que bom! Horrível é o mutismo), volta a Coluna do LAM. Mesmo nome, endereço e design. E abaixo, o texto que inaugurou a outra coluna. Cavalgando nas nuvens, memórias, sonhos, reflexões Ia escrever que estou na internet desde os anos 90, mas na verdade a internet é quem está em mim desde sempre. Lembro bem. Fui a casa de me...

Os que reclamam da chuva, do calor, do frio, do vento, da vida...mimimimimimimimimimimimimi

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Tenho entrado cada vez menos no Facebook por uma razão: overdose de baixo astral. Gente reclamando de chuva, raios, vento, depois reclamam do calor, do frio, enfim, em suma (ou em semem) reclamam da vida. Aí, meus amigos, estou fora. Um dia desses sugeri uma emenda constitucional fictícia em que a cada dois anos um presidente da república (assim mesmo em letras minúsculas) deveria passar por um plebiscito. Fica ou cai fora? Seria a pergunta. Se a maioria não estivesse suportando mais (como é o caso agora, segundo todas as pesquisas), assumiria o vice ou um colegiado de notáveis. Os dilmistas, lulistas, petistas, muitos regiamente pagos para defenderem a cloaca, unidos a uma penca de mamíferos que dormem nas tetas do dinheiro público me chamaram de golpista, disso, daquilo, enfim, a minha bem humorada sugestão provocou uma revolta no chiqueiro. Foi considerada uma afronta a democracia, apesar do plebiscito ser uma ferramenta amplamente democrática. Reclamam de tudo ...

Led Zeppelin, um pacto com a eternidade

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        John Paul Jones, Robert Plant, Jimmy Page e John Bonham Impressionante. Toda a vez que posto um vídeo do Led Zeppelin no Facebook em seguida vem uma tempestade de curtidas e comentários. Não importa a época, seja 1969 na Dinamarca ou na Inglaterra dez anos depois, quando em agosto, após quatro anos fora dos palcos, Jimmy Page, Robert Plant, John Jones e John Bonham explodiam o festival de Knebworth. Com a morte de Joh Bonham em setembro de 1980, e m dezembro Page e Plant anunciaram o fim da banda . Mas, como os Beatles, o Led Zeppelin parece ter feito um pacto com a eternidade. O interessante nessa história é que o vocalista Robert Plant gravou vários discos sem a banda, e demorou a acontecer. No início, 1982, composições fracas, discos medíocres e a guinada só veio em 1993 com o ótimo álbum “Fate of Nations”. Com Jimmy Page, mais ou menos a mesma coisa. Seus discos-solo também não decolaram e estiveram muito distantes do que esperávamos dele. John P...

“Responder e-mails é uma obrigação. Quem discorda deve deixar a internet”

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O título está entre aspas porque quem disparou a frase foi um colega meu num bar do Largo do Machado (Rio) tempos . O assunto na roda (uns 1 0 caras) era e-mail. Todo mundo indignado com o fato de mandarem e-mails que não são respondidos. Dias atrás aconteceu comigo. Enviei um para um executivo do mercado de discos, mensagem mega importante, mas até agora não recebi resposta. Tive o cuidado de chamar atenção, algo do tipo “favor confirmar o recebimento”. Nem isso. Se bem que antes de enviar a mensagem várias pessoas me avisaram que “esse cara não responde e-mails...”, insisti e deu no que não deu. Voltando ao botequim do Largo do Machado, e u estava na boa, me divertindo com o assunto, mas lá pelas tantas opinei: “não responder a e-mails é a maior escrotália. Pior do que bater com o telefone na cara”. E voltei a me atracar com o filé à Oswaldo Aranha que, aliás, estava sublime. Um outro colega contou que seu vizinho, mais mulher e três filhos, haviam viajado para Minas Gerais....

Há 35 anos John Lennon morria mais uma vez, definitivamente

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    A última foto. O assassino (a direita) deu cinco tiros em Lennon segundos depois           Há quem diga que essa foto mostra John Lennon em paz. Mas ele amava a vida Fale com a Coluna - lam@luizantoniomello.com John Winston L ennon morreu várias vezes. Assistiu a morte de sua infância regada a miséria afetiva, desencontros, intolerância, o amor calado (e proibido) pela mãe Julia que ele mal conheceu mas que amou profunda, lírica, bela e loucamente. Julia quando se aproxim o u de John, ambos começaram a se entender, perceber afinidades cósmicas, terrenas e artísticas, o destino meteu a mão. Julia foi embora, para sempre, como L u cy in Sky with Diamonds. Lennon morria mais uma vez . Vi e rem os Beatles e o quase garoto, quase homem, quase ancião J ohn Winston L ennon casou-se com a doce, caseira, provinciana Cinthya e tentou não enxergar a luxúria, a esbórnia, o frenesi que era a vida de um beatle. O então amigo Paul McCartney nadav...