“The Who não existe mais”, diz Pete Townshend
A amiga Selma Boiron me passou esta matéria. Valeu, Selma!
Aproveito e explico um comentário que fiz com o amigo Glauco Velloso.
Em entrevista ao SiriusXM, o líder e guitarrista do Who, Pete
Townshend, afirmou que a banda não existe mais.
Autor de 95% das músicas da banda, Townshend diz que o Who
não é como era sem Keith Moon, baterista que morreu em 1978, e John Entwistle,
baixista que partiu em 2002. Hoje só estão ele e o cantor Roger Daltrey, cantor
e fundador da banda com o nome de The Detours, em 1964.
Pete Townshend diz que lida com sentimentos muito difíceis relacionados
a perda dos seus ex-companheiros. No ano passado disse que ainda estava puto com
eles, sabia que era um sentimento egoista, mas era como ele se sentia.
A declaração foi publicada por Townshend por causa da
polêmica causada quando disse “graças à Deus” pela morte dos músicos. Entendo o
que ele quis dizer porque, como um pau de enchente, batendo em uma margem na
outra, Townshend muitas vezes diz o que sente e não o que pensa. Fala que em
todas as horas de todos os dias pensa em Moon em Entwistle, e a morte deles eventualmente
o enfurece. Não as superou, nem irá superar. Aí, dá porrada neles.
Uma das qualidades que aprecio em Townshend é a incoerência,
o voltar atrás, o dizer de novo, corrigir, se desculpar. Incoerência é o que
nos difere dos símios e da inteligência artificial.
Seus sentimentos são caóticos em confusos desde o dia em que
veio ao mundo e, por isso, Townshend construiu uma obra genial, destruiu a
forma de tocar guitarra base inventando a sua, deu uma porrada merecida nos
cornos Abbie Hoffman, que, com a cara cheia de ácido invadiu o palco do Who em
Woodstock, como se um estafeta de merda invadisse uma arena de touros miúra em
pleno sacrifício.
Na verdade, não foi um soco. Townshend bateu com o cabo da
guitarra e, depois (não sei se meia hora ou 40 anos depois) pediu desculpas.
Ele é mestre em se auto esculhambar. Townshend é o crítico mais feroz de
Townshend, mas basta ler o tratado que é a sua autobiografia (dica de promoção imperdível:
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essa oscilação e o gigantesco tamanho do ego do inventor de “Tommy”, “Quadrophenia”,
“Who’s Next” e outros épicos.
Aliás, por falar em incoerência, semana passada disse ao
amigo e também whozer Glauco Velloso
que relendo o livro havia me decepcionado com o Townshend de hoje que me parece
um vaidoso burguês. Glauco, isso foi em algumas páginas, em outras ele muda, e
vai mudando, mudando, mudando porque o cara é um mutante crônico.
Bom, confira abaixo um trecho da entrevista de Pete Townshend
para a SiriusXM:
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