A lenda do brasileiro bonzinho
O Brasil atingiu hoje a triste (para mim) marca de 100 mil
mortos por Covid-19.
Há quem lamente o desprezo da seita RenanEduardoCarlosFlavioJair
Bolsonaro, que sequer emitiu um sinal de pesar.
Ontem houve cerimônia em Hiroshima pelos 75 anos da bomba que
matou em torno de 150 mil pessoas.
São apenas 50 mil a mais do que a Covid-19 enterrou aqui, até
agora.
No Japão, todos os anos, há cerimônias pelas vítimas. A nação
faz luto, ora, flores são depositadas.
Com exceção de uma meia dúzia, não percebo comoção geral nos
brasileiros em relação as 100 mil mortes por Covid-19. Mortes de outros brasileiros
que deixaram amigos, família, colegas.
Mais um motivo que rasga aquela lenda do brasileiro bonzinho,
motivo até de um debochado programa humorístico muito antigo, conduzido pela
americana naturalizada brasileira Kate Lyra. Ingênua, depois de levar cantadas
disfarçadas de solidariedade, ela soltava o bordão “brasileiro é tão bonzinho”.
O brasileiro bonzinho nunca escondeu o seu frisson pela
ditadura militar. O povão adorava quando o general Médici recebia jogadores de
futebol no Palácio do Planalto, em cerimônias de beija mão que se repetiam.
Em 1974 a ditadura resolveu com uma canetada só a epidemia de
meningite meningocócica (fatal) que assolava o país. O general Geisel proibiu a
imprensa de noticiar. Uma única canetada.
O povo não foi molestado pela má notícia.
Na primeira eleição direta depois da ditadura elegeram um
ladrão, chutado do poder com dois anos de governo.
Depois de relativa calmaria, o brasileiro elegeu o
representante maior do populismo sindicalista, que arrastou para o seio do
poder uma escória de desqualificados que assaltou o estado.
O brasileiro reagiu. Entregou o país a um representante das
regiões abissais da política, com quase 30 anos de mandato no “baixo clero”, o brejo
do congresso nacional: bancada evangélica, bancada da bala, etc. Monteiro Lobato
escreveu que um país se faz com homens e livros, o governante eleito poderia
ter adaptado. “Um país se faz com homens e armas”.
Na campanha prometeu muita bala, destruição, desculturação, nepotismo
amplo, geral e irrestrito. Nunca escondeu.
No dia da posse levou botou o filho no banco de trás do Rolls
Royce presidencial que desfilou por Brasília. Esse filho hoje tem até sala no
Planalto.
O outro foi pego em flagrante pelo Coaf, mas sabe que vai se
safar. Se necessário o pai muda tudo, a la carte.
Mas o povão, segundo a seita RenanEduardoCarlosFlavioJair
Bolsonaro, adora esse show porque estamos na terra onde os bons são os que levam vantagem
em tudo.
Pelo menos 38% dos eleitores estão fechados com a seita.
Cegos, surdos, mas não mudos, fazem o que os capatazes mandam fazer.
O projeto da seita é se perpetuar no poder, de qualquer
maneira, morra quem morrer, live or let it
die.
Como foi o projeto da escória sindicalista, de perfil
similar.
A morte de 100 mil pessoas não comove porque “a vida tem dessas
coisas”, “cultura e meio ambiente são coisas de viado” e “imprensa só tem comunista
e temos que acabar com eles”.
O brasileiro é tão bonzinho.
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