Fernando Brant, Milton Nascimento e o Clube da Esquina em Niterói
Fernando Brant
Clube da Esquina com Juscelino Kubitschek. Brant, ao lado do presidente, de camisa branca
Na prainha de Piratininga (chamada de Mar Azul), Beto Guedes, Milton e Lô Borges
Clube da Esquina com Juscelino Kubitschek. Brant, ao lado do presidente, de camisa branca
Na prainha de Piratininga (chamada de Mar Azul), Beto Guedes, Milton e Lô Borges
Estou
tocando um projeto pessoal que passa pela obra de Fernando Brant, um dos
letristas de Milton Nascimento. Foi ele quem compôs a número um, “Travessia”. São
dele os poema “Cais”, “O que foi feito devera” e outros momentos mágicos.
Também
ando numa fase o que foi feito devera. E bom, faz crescer.
O Que Foi Feito Devera
Fernando Brant
O que foi feito amigo
De tudo que a gente sonhou
O que foi feito da vida
O que foi feito do amor
Quisera encontrar
Aquele verso menino
Que escrevi há tantos anos atrás
Falo assim sem saudade
Falo assim por saber
Se muito vale o já feito
Mais vale o que será
E o que foi feito
É preciso conhecer
Para melhor prosseguir
Falo assim sem tristeza
Falo por acreditar
Que é cobrando o que fomos
Que nós iremos crescer
Outros outubros virão
Outras manhãs plenas de sol e de
luz
A morte
de Fernando Brant em 2015, 78 anos, me esmurrou pesado. Todo mundo (?) sabia
que ele era um dos conspiradores do Clube da Esquina, aquela entidade informal
(que muitos taxaram de imoral) que tomou Minas Gerais na virada dos anos 1960
para 70, tendo à bordo Milton Nascimento, o Fernando, Beto Guedes, Lô e Márcio
Borges, enfim, não vou ficar repetindo.
A nova
conspiração mineira tomou o Brasil e mostrou ao público uma nova MPB, claramente
influenciada pelo rock, pelos Beatles, por François Truffaut (eles viram “Jules
et Jim” pelo menos 50 vezes, Milton me disse em entrevista em 1987) pela
vanguarda da vanguarda da vanguarda mas movida pela genialidade da poesia das
Gerais, seus trilhos, trilhas, ferro, aço, diamantes. Fernando Brant, via
Milton e todos os outros, mostrou a sua pena, a sua escrita, onde despejava a
alma sem cerimônia e tornou-se um dos maiores poetas brasileiros de todos os
tempos.
Lembrei
de um texto que publiquei aqui em 30 de junho de 2012:
“Esperei
para assistir ao programa Som Brasil na Globo, que fez uma homenagem aos 40
anos do Clube da Esquina. Abriu com Milton Nascimento e Lô Borges cantando
“Para Lennon & McCartney”, canção que (pouca gente sabe disso) foi composta
na casa de O “Clube” alugou na prainha de Piratininga, em Niterói.
Estamos
falando de 1971.
“Piratininga
e o grande cantor e compositor disse que foi um dos melhores períodos de sua
vida. Sorrindo levemente confirmou que “Para Lennon & McCartney” foi feita
lá, mas “para que terminássemos a música, tivemos que trancar a porta da casa e
proibir a saída de qualquer um. O Fernando quase enlouqueceu.”
“Fiquei
muito feliz em saber que Milton Nascimento guardou a minha cidade, Niterói, com
carinho em seu cofre afetivo. Como ele viveu histórias incríveis na minha
terra. Impressionante. E essas histórias foram só uma parte. O que posso dizer
de um gênio afetuoso e que dedicou a vida aos outros?
Ao
Fernando Brant, uma homenagem rústica e breve. Uma lembrança de seus tempos de
ondas, céu azul, gaivotas, coração americano e tudo mais.
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