Modo blue
Ainda há quem ache que o choro é fraqueza, que o lamento é
covardia, que o modo blue que tem que ser massacrado, assassinado,
deletado, arquivado, atirado no lixo, em nome de uma suposta superioridade
existencial.
Dizem que os ocidentais, em especial os pequeno-burgueses,
preferem ignorar o afeto profundo. É mais fácil? Não. É como um cheque
pré-datado, daqueles que batem na conta lá na frente, com juros e correção.
Sinto, sim, o nó na garganta quando sinto o cheiro do mar
misturado ao de óleo combustível dos navios de guerra e também dos zepelins que
um dia surgiram na Boa Viagem.
É bom homenagear quem eu quero que seja homenageado, com
lembranças, poemas, vento do litoral, o azul petróleo da noite.
O meu afeto não se encerra.
Prefere transmutar como as
auroras boreais. Nunca as mesmas.
Sempre as mesmas. Assim é. Assim será.
Sempre.
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