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Mostrando postagens de abril, 2020

Curar - Kathleen O’Meara (1839-1888)*

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      *Recebi do amigo Alvaro Acioli E as pessoas ficaram em casa E leram livros e ouviram E descansaram e se exercitaram E fizeram arte e brincaram E aprenderam novas maneiras de ser E pararam E ouviram fundo Alguém meditou Alguém orou Alguém dançou Alguém conheceu sua sombra E as pessoas começaram a pensar de forma diferente E pessoas se curaram E na ausência de pessoas que viviam de maneiras ignorantes, Perigosas, sem sentido e sem coração, Até a Terra começou a se curar E quando o perigo terminou E as pessoas se encontraram Lamentaram pelas pessoas mortas E fizeram novas escolhas E sonharam com novas visões E criaram modos de vida E curaram a Terra completamente.

Idosos de todo o mundo, uni-vos! - Iremos para as trincheiras e defenderemos nosso direito de morrer quando a hora chegar e não quando interessar ao mercado - Miguel Paiva, para o Jornalistas pela Democracia

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Como idoso me sinto ameaçado por este governo. Não que eu seja um idoso de grupo de risco. Aí já me sentiria condenado. Aparentemente sou saudável, faço exercícios, tomo meus suplementos fitoterápicos, faço meus exames regularmente e tirando meu joelho que reclama, me sinto muito bem. Quando era bem mais jovem me sentia ameaçado pela ditadura por ser estudante e depois jornalista. Fui preso por causa disso duas vezes, uma vez em cada categoria. Achava que esses tempos tinham acabado. Agora, durante a pandemia bolsonariana, a ameaça volta. Como diz minha amiga Emília Silveira, parceira de trabalhos e de quarentena junto com a Angela aqui na serra, o velho de hoje é o judeu de antigamente ( ou de sempre). Alguns países e algumas tribos indígenas consideram o velho muito importante. Eles transmitem a experiência e a sabedoria. São tratados e respeitados como tesouro do grupo, riqueza a ser preservada para servir de exemplo aos mais jovens. Aqui neste Brasil, os mais velhos ...

As Buenas Ideias de Eduardo Bueno

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Nessa quarentena estou colocando em dia a minha agenda de livros, filmes, discos etc. Termino a releitura (como faz bem a releitura) de “O Cortiço” de Aluisio Azevedo lançado em 1890. No You Tube estou assistindo a longa e sensacional série de história do Canal Buenas Ideias, de Eduardo Bueno e Marcelo Madureira. Ele mesmo apresenta os episódios de maneira informal, bem humorada com doses cavalares e inteligentes de ironia. Para conhecer, clique aqui: https://bit.ly/2KaUZSS Há tempos sigo o canal mas nos últimos dias assisti a história de Oswaldo Cruz, de Santos Dumont, o assassinato de Euclides da Cunha e vários outros. Antes de dormir, nunca antes das duas, assisto a um ou dois episódios. Eduardo Bueno, o Peninha, é uma das melhores cabeças desse país. É um grande tradutor, conhece a fundo a Geração Beat (ele traduz as melhores obras de Jack Kerouac, que não deve ser fácil) e também a “Crônicas”, de Bob Dylan, Peninha sabe tudo dos Beats, de Dylan, de rock, de hi...

Coexistência e Finitude - Alvaro Acioli*

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Apavoram as consequências do grande progresso material já realizado, em todos os campos do conhecimento. Curiosamente um crescente número de tragédias sociais estão se disseminando através do mundo, depois de tantos avanços realizados. Multiplicam-se os radicalismos e toda sorte de fanatismos. A violência e a intolerância, de tão frequentes, sugerem que um transporte mágico nos conduziu de volta à idade média. Como naqueles tempos sombrios a força predomina na solução de todos os conflitos. Registram-se crueldades por todos os lados; nem sempre consumadas de forma explicita, mas através de sofisticados disfarces. Um observador mais atento percebe no ar um sentimento de certo prazer no ato de espalhar a dor. É como se todos os avanços ocorridos estivessem dominados pelo estigma de institucionalizar a insensatez, as exclusões mais hediondas, ainda que muito bem maquiadas por criativos programas de ajuda humanitária. As fantásticas descobertas não estão semeando alegria e ...

Sábado, “One World Together at Home” com Paul McCartney, Eddie Vedder, Elton John e dezenas de outros que vão se apresentar em suas casas

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A cantora Lady Gaga, a OMS (Organização Mundial da Saúde) e o Global Citizen estão à frente do “One World: Together at Home”, giga evento musical em homenagem aos profissionais da saúde que trabalham para combater a COVID-19. A live gigante está programada para sábado (18/04), às 21h, horário de Brasília. Várias emissoras de TV irão transmitir. Lady Gaga, Paul McCartney, Elton John , Billie Eilish e Finneas, Lizzo, Stevie Wonder, John Legend, Chris Martin (Coldplay), Eddie Vedder, Kacey Musgraves, J Balvin, Keith Urban, Alanis Morissette, Lang Lang e Andrea Bocelli, Billie Joe Armstrong (Green Day), Burna Boy e Maluma estão entre as atrações. Também vão participar especialistas em saúde, comediantes e personalidades internacionais.

Mundo Louco, Roland Orzabal

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                       Ao meu redor há rostos familiares Lugares desgastados, rostos desgastados Brilhante para suas corridas diárias Indo a lugar nenhum, indo a lugar nenhum Suas lágrimas estão afogando seus óculos Nenhuma expressão, nenhuma expressão Escondo minha cabeça, eu quero afogar minha tristeza Sem amanhã, sem amanhã E eu acho isso engraçado Acho meio triste Os sonhos em que estou morrendo são os melhores que já tive Acho difícil dizer, porque acho difícil ir em frente Quando as pessoas correm em círculos, é muito, muito Mundo louco Mundo louco Mundo louco Mundo louco Crianças esperando o dia em que se sentem bem Feliz aniversário, Feliz Aniversário Da maneira que toda criança deveria estar Sente e ouça, sente e ouça Fui para a escola e estava muito nervoso Ninguém me conhecia, ninguém me conhecia Olá, professor diga qual é a minha lição Olhe at...

A coluna no rádio e micro vídeos na Stories

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Nos fins de semana vão ar as minhas duas colunas “#Hashtag Cultural na Rádio Bandnews FM Rio – 90,3 MhZ. Faço essas colunas com o maior empenho porque amo rádio e cultura. A ideia é mexer com estética o tempo todo com o confessável de recriar a linguagem a cada coluna. Algumas delas você pode ouvir agora, clicando neste link: http://bandnewsfmrio.com.br/colunistas-detalhes/luiz-antonio-mello No Facebook e também no Instagram comecei a postar diariamente takes de vídeos musicais com 20 segundos de duração, que edito por aqui. Tem sido uma boa experiência arrancar o sumo das canções e acho que as pessoas estão gostando. E você?

Teresópolis, uma croniqueta de Arthur Azevedo

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                          Malisa: "Paisagem com o Dedo de Deus" Rio de Janeiro, 19 de julho de 1890 Petrópolis e Friburgo vão ter uma concorrente: inaugurou-se a cidade de Teresópolis,   – mais um ninho para as andorinhas do highlife, expulsas pela caniculada capital federal. Ainda bem que os fundadores de Teresópolis tiveram o bom gosto de conservar o nome da virtuosa imperatriz, cuja memória deve ser sagrada para todos os brasileiros. Ao menos o nome de Teresa seja lembrado pela graciosa cidadezinha, perdida entre verdes montanhas e florestas.

Nada é um obstáculo à liberdade - J.Krishnamurti

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Interrogador - A grande parte da nossa vida diária é vivida ao nível unicamente factual, particularmente as crianças que aprendem os fatos na escola. Será esta atividade factual diária e necessária um obstáculo à liberdade psicológica? Krishnamurti - Senhor, nada é um obstáculo à liberdade psicológica, nada! Um obstáculo só surge quando há uma resistência. Quando não existe nenhum tipo de resistência então não existe nenhum problema psicológico. Se tratar a vida diária, ganhar a vida, educar as crianças, a monotonia de tudo isso, a rotina, a tarefa diária de lavar os pratos, com resistência, como um impedimento, então ela torna-se um problema. Mas quando temos consciência de todo este processo de viver - com a sua rotina, com os seus hábitos, com a sua monotonia, com as suas ansiedades, pesares, medos, dominações, posses - quando temos consciência disso sem qualquer escolha (Você não pode fazer nada a respeito da chuva, ou do contorno daquelas colinas, e se conseg...

Claudio Valério Teixeira pinta uma nova série: “Da minha janela- aquarelas da quarentena”

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                                                                                    Em quarentena em seu atelier em São Francisco, o artista plástico e restaurador Cláudio Valério Teixeira pinta uma nova e belíssima série chamada “Da minha janela – aquarelas da quarentena”. Pintor que está entre os mais consagrados do mundo, restaurador internacional, professor de Técnicas e Processos de Pintura para o Departamento de Conservação e Restauração de Obras de Arte da Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Cláudio Valério fez de sua janela um ponto de observação sobre esse estranho momento histórico da civilização. Ele já pintou nove obras e não sabe dizer quantas estão à caminho, mas esse momento de transe e as profundas mudanç...

Logorreia

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    Oliver O. Oliver, Paris 1932           Esquecem que a verdade está longe, muito longe de ser absoluta. Atribuição divina, o absolutismo é incorporado pela patética e patológica onipotência dos lunáticos sociais e sua logorreia torpe, vulgo brain damage. Perdeu, baby. Lunáticos sociais não acreditam que aqui se faz, aqui se paga. Acham que é verborragia de adesivos de nona categoria. Mas o pior, o fatal, é o desprezo à máxima que sentencia: aqui não se faz, mas aqui se paga, sim. Perdeu, baby. Esquecem que o limite do egocentrismo é uma muralha de chumbo, conhecida na vala incomum como perda total. Essa malta, a dos lunáticos sociais, vulgo brain damage, cruza a existência jogando gente no esgoto, arrotando as tais verdades absolutas inexistentes, como se o E.T. de Varginha fosse a incorporação do Juízo Final. Perdeu, baby. Ignoram que o Juízo Final é quem anota, aponta, processa cada coração, cada grito, cada lágr...

Quando a pandemia passar

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O querido amigo Hilário Alencar postou no Facebook essas duas fotos comoventes do nosso grande amigo Alex Mariano, feitas pelo Edmundo Castro. Alex adorava o Edmundo e vice e versa. E também o Caíque Fellows, Nando Verani, o Hilário e outros. Edmundo, essas fotos estão sublimes. Você clicou a essência do nosso Alex, que você e muita gente chamavam de Mariano, parece magia de índio americano que achava que a fotografia lhe roubava a alma. No Vietnã e no Camboja, os camponeses também pensam assim, “por isso o Dennis Hopper faz o fotógrafo sequelado, doidão em Apocalypse Now do Copolla”, me contou o Alex. Há meses, talvez mais de um ano, ou quem sabe desde 2012, não paro de sonhar com ele e como só tenho pesadelos (infelizmente) os enredos são barra pesada. Acordo, fico calado, as vezes com um nó na garanta e não tenho com quem desabafar. Desabafar sobre o Alex só com alguém que o ame e o conheça, senão não dá. Se ele estivesse na área certamente iria querer que a gent...

Machos, suor & Lágrimas*

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*Artigo publicado no jornal A Tribuna RJ, hoje Esta semana, o ainda Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta disse o seguinte: " Às vezes, os meios de comunicação são sórdidos porque só vendem se a matéria for ruim. Senão, ninguém compra o jornal". Apesar do ataque de pelancas de parte da imprensa, o ministro tem razão. Por motivos jamais esclarecidas ao longo do tempo, as más notícias atraem mais gente do que as boas. Quem assiste, por exemplo, o RJ TV (chamado também de “RV Deprê”) em edições normais só vê tiros, facadas, assaltos, sequestros, por isso a audiência alta e o faturamento idem. A Record, TV do bispo Macedo que se faz de religiosa, jorra sangue o dia inteiro como também muitos jornais, sites, revistas, especializados em mundo cão. Vários colegas já tentaram fazer imprensa só de boas notícias. Pelo menos uns cinco lançaram jornais (dos anos 80 até hoje) e todos fecharam por falta de leitores e anúncios. A Rede TV! que aluga para igrejas 80% de...

Spartacus

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Onde eu morei havia uma varanda e um delicioso sofá cama na sala que servia, também, para a contemplação da paisagem. Na varanda, uma luminária, muitas plantas que formavam uma selva indevassável e uma garrafinha com água doce para os beija flores se fartarem. Eu colocava adoçante Linea, contrariando a recomendação de uma amiga ornitóloga que conheci quando um canário roller que tive, chamado Spartacus, engasgou com uma purpurina de carnaval. Sorte que ela morava ali por perto. Mais sorte ainda que há meses, sem querer, ela esbarrou o carro dela no meu jipe enquanto estacionava na rua. Meu jipe era um bravo e saudoso mamute (por que vendi? por que vendi?), Toyota Bandeirante amarelo, com teto de lona, aqueles que atravessam o deserto da Mauritânia como se fosse Charitas. Apesar de ter sido o agressor, o carro dela levou a pior. O para choque do mamute lanhou a lateral do Uno dela. Mesmo assim ela quis saber com o porteiro de quem era a Toyota porque temia que tivess...

A morte temporária da Cultura

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  Por favor: - Se der, não peça o dinheiro do ingresso de volta. Adie. - Compre tudo o que puder nos comércios locais. Ajude a economia do seu bairro. - Ligue para as pessoas. Pergunte como estão nesse momento de solidão coletiva. Evite mensagens escritas de whatsapp. Nada substitui o calor da conversa. - Para evitar overdose de informações, leia um bom livro. Ou, pegue um na sua estante e releia. Acesse o You Tube e assista a um filme de graça. Se preferir, pague (não é caro) e assista qualquer um lá mesmo. - Dou dicas do que ver, ler e ouvir na internet em minha coluna na Rádio Bandnews FM. Para ouvir, clique aqui: http://bandnewsfmrio.com.br/colunistas-detalhes/luiz-antonio-mello - Sorte & Saúde para todos!                                                          ...

Quentinhas

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A senhorinha pequena, magra, mais de 90 anos, chamou o zelador do prédio pelo interfone. Ela mora em uma esquina onde ficam estacionadas várias motos de entregadores do iFood, Uber Eats, etc. - Por favor, entregue uma quentinha para cada. Essa aqui é para você, essas outras para fulano e Beltrano (funcionários do prédio). Aqueles meninos das motocicletas não reclamam mas devem estar com fome, ela disse ao zelador na porta de seu apartamento. Com luvas que a senhorinha lhe deu, o zelador desceu, saiu do prédio, atravessou a rua e foi na tal “esquina dos motoboys”, como é conhecida. Chamou um deles, disse o que era e, logo, vários o cercaram, gratos, alegres. Um chegou a embargar a voz, enquanto sentava com os outros para almoçar. - Não sou eu que estou dando, não posso dizer quem foi, mas é uma senhora muito especial, disse o zelador. A senhorinha não pretendeu resolver a fome do mundo e muito menos fazer uma revolução. Ela intuiu que aqueles informais podem estar em...