Machos, suor & Lágrimas*

*Artigo publicado no jornal A Tribuna RJ, hoje


Esta semana, o ainda Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta disse o seguinte:

" Às vezes, os meios de comunicação são sórdidos porque só vendem se a matéria for ruim. Senão, ninguém compra o jornal".

Apesar do ataque de pelancas de parte da imprensa, o ministro tem razão. Por motivos jamais esclarecidas ao longo do tempo, as más notícias atraem mais gente do que as boas. Quem assiste, por exemplo, o RJ TV (chamado também de “RV Deprê”) em edições normais só vê tiros, facadas, assaltos, sequestros, por isso a audiência alta e o faturamento idem. A Record, TV do bispo Macedo que se faz de religiosa, jorra sangue o dia inteiro como também muitos jornais, sites, revistas, especializados em mundo cão.

Vários colegas já tentaram fazer imprensa só de boas notícias. Pelo menos uns cinco lançaram jornais (dos anos 80 até hoje) e todos fecharam por falta de leitores e anúncios. A Rede TV! que aluga para igrejas 80% de sua programação, teve um telejornal chamado Good News (Boas Notícias) que também saiu do ar por falta de audiência. Sempre foi assim no mundo todo. As más notícias são as mais consumidas, comentadas, replicadas.

O ser humano é mesmo um bicho torto, doido. O Coliseu Romano lotava de gente histérica que ia ver leão comer cristão, nos anos 80 DC. A segunda atração mais popular eram as lutas de gladiadores, quando o vencedor tem que matar o outro, para orgasmo dos imperadores.

Hoje, a audiência dessas lutas de homem suado agarrando homem suado, MMA, UFC, é absurdamente alta. As pessoas pagam para ver na TV e lotam qualquer lugar onde haja machos, suor e lágrimas. O sonho dourado da plateia é que um desses “heróis” tombe em agonia no meio da rinha, comece a arfar desesperado entrando em lenta e longa agonia para morrer na frente de todos. Êxtase!

O mundo cão é mais popular do que o mundo são. Dificilmente a TV suspende a programação normal para ficar horas mostrando algo bom, mas a desgraceira é recebida com tapete vermelho. Tenho certeza que notícias anunciando novos casos de coronavirus chamam mais atenção do que informes sobre pessoas curadas. Até no dia a dia essa sordidez/morbidez se faz presente. Se alguém morre atropelado. imediatamente faz-se uma roda em torno do corpo. Não é para ajudar e sim para contemplar. Colocam jornal em cima mas, eventualmente, vem alguém e levanta o papel para ver o rosto do morto, fingindo lamentar.

Em alguns países, ladrões tem as duas mãos decepadas em praças públicas superlotadas. Se fosse transmitido pela TV o ritual bateria recorde de audiência. Fico imaginando o caso de Jesus Cristo e o seu sofrimento na Via Crucis. Se aquelas cenas hediondas fossem transmitidas o mundo ia parar para ver.

A Operação Lava Jato, que mostrou detalhes de quando o PT & Cia criaram a Roubolândia ganhou tanta audiência que até o Japonês, policial federal que aparecia prendendo os bandidos, escreveu um livro. Cada um que foi em cana e apareceu na TV gerou muita audiência, mesmo porque, além do aspecto mundo cão, tinha também o lado do “bem feito”, o que era natural.

O governo atual foi eleito pelo ódio justificado de tudo que Lula & Cia fizeram. Os Bolsonaros tomaram posse distribuindo coices, tapas, destilando o que existe de pior no ser humano. Falo no plural porque Jair tomou posse agarrado a Carlos, Flávio e Eduardo, chamados de “meus garotos”. Carluxa, o Carlos, que está inaugurando um gabinete ao lado do pai no Planalto, manda em general de quatro estrelas, xinga ministros manda o pai calar a boca. 
Tanto que, como um eunuco engravatado, foi esparramado no banco de trás do Rolls Royce presidencial no dia da posse. Formam uma massa única, quatro vadios que não trabalham, mas na hora de fazer o mal, derrubar, atazanar são profissionais. Por distribuírem péssimas e falsas notícias, vivem nos destaques da mídia. Seria o ser humano canibal?

 “Algumas pessoas matam. As outras pessoas se satisfazem lendo a notícia dos assassinatos.”. Millor Fernandes

“Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma.” Joseph Pulitzer.

“Às vezes, a única coisa verdadeira num jornal é a data.” Luís Fernando Veríssimo.

“A melhor coisa é abrir os jornais e ver que não estou neles.” George Harrison.

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