“Na Estrada” (On The Road), de Walter Salles
Assistindo
o comentário que fiz no programa Café Paris sobre o filme “Na Estrada” (veja em
www.programacafeparis.com.br),
fui lá atrás e repesquei esse artigo sobre o filme que escrevi aqui para o
blog.
Perdi as contas de quantas vezes li On The Road. Um
livro diferente a cada leitura. Também perdi a conta de quantos exemplares
perdi, a ponto de ficar sem nenhum durante longos e ansiosos meses. Acabei
providenciando uma boa edição, muito bem traduzida pelo também jornalista e
historiador Eduardo Bueno.
Só que não li. Minha dúvida é se releio antes ou depois
de assistir ao filme. É um livro dificílimo porque trata da liberdade anárquica
e informal, do desprendimento desvairado, transviado, multiconceitual dos beats
nas estradas norte-americanas, numa linguagem deliciosamente subversiva. Mas,
algo me diz que não vou me decepcionar com o transplante que Walter Salles fez
do livro para a telona.
No primeiro parágrafo de sua resenha, um jornal
publica: “Jack Kerouac termina o primeiro capítulo de “On the road” com: “Eu
era um jovem escritor, e tudo o que queria era cair fora. Em algum lugar ao
longo da estrada, eu sabia que haveria garotas, visões e muito mais; na
estrada, em algum lugar, a pérola me seria ofertada”.
Para fazer a adaptação cinematográfica da obra que
lançou e marcou a geração beat, Walter Salles colocou seus personagens para
percorrer o caminho atrás dessas pérolas e encontrar os sentimentos à flor da
pele descritos no romance. Tudo isso regado ao som de jazz, sexo, álcool e
drogas.”
Mas, por trás dessa cortina ácida há muito, mas muito
mais pano encharcado de éter do que supõe nossa mais aguda intuição. Em
entrevista, Walter dá uma pista: “Como ele vai ser recebido hoje eu não sei, a
gente nunca sabe. Eu li pela primeira vez quando eu tinha 18 anos e aquilo me
marcou profundamente. Quando saiu traduzido no Brasil, em 1984, li novamente.
Peguei novamente antes de rodar "Diários de Motocicleta" e agora para
o "Na Estrada". Espero que com o filme mais gente tenha o prazer de
conhecer essa história e ver as pessoas que vivem as suas possibilidades.”
Eu também espero, Salles. Só lamento que você não tenha
batizado o filme com o título original, On The Road. “Na Estrada” ficou empenado.
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