Paulistanos reclamam do canto do sabiá. Pois viva o sabiá!
A Folha de S. Paulo publicou uma reportagem de Roberto
de Oliveira, no último dia 16 que, até hoje, está no centro de uma forte
polêmica. Intitulada “Cantoria de sabiá-laranjeira na madrugada divide ouvidos
paulistanos”, a matéria registra várias reclamações de paulistanos contra o
canto do pássaro nessa época do ano.
Diz a matéria:
“Por volta das três da matina começa a sinfonia. O
cantante é o sabiá-laranjeira, ave-símbolo do Brasil e do Estado de São Paulo,
que vive no campo e na cidade.
Por causa do insistente gorjeio, "posts" vêm
pipocando nas redes sociais, reivindicando o silêncio dos passarinhos em prol
do sono.
O diretor de arte Gilberto Leite, 38, postou: "Ele
canta três acordes e fica o dia inteiro martelando isso. É insuportável!".
À reportagem, disse ele: "Vou ser linchado pelos protetores dos pássaros,
mas que é insuportável, isso é".
A reportagem segue registrando reclamações e elogios ao
canto do sabiá-laranjeira, a meu ver (ou ouvir) de um lirismo especial que me
transporta para a infância, lá em Angra dos Reis, quando eu ficava sob um
ingazeiro contemplando sabiás, coleiros e canários da terra cantando sem parar.
A Folha informa que, a cinco metros de distância,
o canto do sabiá 75 decibéis, contra 80 do ruído do trânsito e 90 da buzina de
um carro.
Aqui onde moro, ouço ao longe o canto dos sabiás. São
pelo menos três que sobrevivem a fumaça, a especulação imobiliária, trânsito
infernal, enfim, ao ser humano. Quando ouço, agradeço porque o canto que
simboliza o Brasil mostra que ainda há natureza resistindo ao massacre que
transforma cidades em aldeias de cimento, sem rosto, sem alma, sem caráter.
Também por isso, viva os sabiás! Viva!
A reportagem da Folha está em
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2013/09/1342434-cantoria-de-sabia-laranjeira-na-madrugada-divide-ouvidos-paulistanos.shtml
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