Encerrado em paz o ciclo da Fluminense FM de 1982
Jimi Hendrix
Há poucos dias atrás fui procurado por uma editora de São Paulo que me propôs escrever um livro sobre a geração musical que precedeu a Rádio Fluminense FM e também a que sucedeu. Quase ao mesmo tempo, estudantes de uma faculdade queriam fazer uma entrevista em vídeo sobre a rádio. Pauta: o início, o meio e o fim.
Há poucos dias atrás fui procurado por uma editora de São Paulo que me propôs escrever um livro sobre a geração musical que precedeu a Rádio Fluminense FM e também a que sucedeu. Quase ao mesmo tempo, estudantes de uma faculdade queriam fazer uma entrevista em vídeo sobre a rádio. Pauta: o início, o meio e o fim.
Em ambos os casos agradeci mas me recusei a participar.
No caso do livro deixei bem claro que a minha história com a Fluminense,
conhecida também como Maldita, se refere ao parto, a vida, aos sonhos, desejos,
um delírio real e maravilhoso. Cheguei lá em agosto de 1981 com meu saudoso
amigo Samuel Wainer Filho, que trabalhou no projeto até novembro e no dia i de
março de 1982 a rádio entrou no ar, exatamente as seis horas da manhã.
Viramos a noite do dia 28 de fevereiro pra 1 de março
para que a emissora entrasse no ar com as vinhetas. Eu e os produtores, Sergio
Vasconcellos e Amaury Santos. A locutora que estreou a rádio foi Selma Boiron e
na produção estavam na equipe, também, Alex Mariano e Maurício Valladares.
A Fluminense FM de 1982 era maravilhosa Tão maravilhosa
que se entrasse no ar hoje, com pequenos ajustes na programação musical, faria
o maior sucesso. As meninas na locução ainda estão à frente do tempo, assim
como os textos dos produtores, a criatividade das promoções, enfim, o conjunto
da obra (e da equipe, genial equipe) foi tão espetacular que resistiu a 33
anos. Trinta e três!
Publiquei livros sobre a minha passagem por lá e neles
deixo claro que só comento o que vivenciei e testemunhei entre 1 de março de
1982 e 1 de abril de 1985 (quando deixei a Fluminense) e entre 1989 e 1990,
quando voltei lá e encontrei uma equipe espetacular. Locutoras e produtores de altíssimo
níve.
Não falo sobre antes nem depois porque não vi, não ouvi. Seria
leviandade.
Mas ao longo do tempo, muitos ouvintes me mandaram CDs
com a programação de rádio em seus últimos anos de vida. Impressionante. Não
tinha nada, absolutamente nada a ver com a rádio que nasceu em 1982. Confirmei
o raciocínio ao ler “Rádio Fluminense FM - A porta de entrada do rock
brasileiro nos anos 80”, livro de Maria Estrella que conta a história da rádio
(a partir de muitos depoimentos) do início ao fim.
A rádio de 1982 era inteligente, ousada, criativa,
engraçada, politizada, elegante, discreta, vivia lá na frente, além do futuro,
mas respeitava os clássicos, a história, os corações e mentes dos ouvintes. Não
era uma rádio da moda. A Fluminense de 82 criava a moda. Por isso, o sucesso
avassalador e, para nós, imprevisível.
A editora entendeu e ainda me propôs um outro livro,
sobre outro assunto que, certamente, vou escrever. Quando tiver mais detalhes,
publicarei aqui na Coluna. Os estudantes também foram bem legais, aceitaram meu
ponto de vista e ficou tudo bem.
Afinal, já se vão 33 anos, muitas celebrações, livros, discos, palestras,
muitos debates. Está mais do que na hora de deixar a bela história do início da
Fluminense FM em paz, para ela pairar sobre o planeta numa boa. Mesmo que eu tivesse
elementos para escrever o tal livro que me foi sugerido sobre o antes e depois
(num esforço, até daria), já passou, já foi, está cansada, dorme
confortavelmente no Olimpo dos vencedores.
O belo ciclo da rádio foi cumprido e para começar outro,
gerar uma nova onda só se ela voltasse ao ar, num formato idêntico (evidentemente
atualizado) ao de 1982, quando foi reconhecida em todo o país como uma grande
emissora de rádio. E de rock.
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