Morre Antonio Quintella; calam-se as guitarras
Serei
breve. No início da tarde de ontem entrei no Facebook e fiquei sabendo
da morte do querido, muito querido amigo Antonio Quintella. Me
explicaram que na noite de quarta-feira ele se sentiu mal em sua casa em
Maricá e foi levado para uma Unidade de Pronto Atendimento, UPA. Foi
examinado e foi liberado pois nada grave foi constatado. Antonio chegou
em casa e morreu.
Ao
longo do dia de ontem e de hoje também, a emoção de dezenas e dezenas
de pessoas na internet, lamentando profundamente a partida deste grande
homem, pai, marido, amigo, cantor, músico. Eu tenho muitas historias
para lembrar do nosso Antonio, mas, como as guitarras, optei pelo silêncio.
Mas
não poderia deixar de falar do orgulho e da honra que tive em produzir
seu primeiro disco, o CD Arariboia Blues, lançado pelo selo Niterói
Discos em 1994.
Ao longo de três meses, seis horas por
dia, convivi com ele no Castelo Estudio, de Fabio Motta, na Estrada
Fróes, em Niteroi. Com Antonio, com Zelly Mansur (engenharia de som) com músicos sensacionais e com o próprio Fábio Motta, nosso amigo.
Minuto a minuto, musica por musica, instrumento por
instrumento, Antonio me privilegiou com a sua absoluta confianca. Antes
de começarmos a gravar ele me disse "Toni, faca o que quiser". E fiz.
Logo, todos os acertos e erros do disco são de minha total responsabilidade e o
talento, a ousadia, o desprendimento, o brilho, são e sempre serão do
maior bluesman brasileiro que conheço: Antonio Quintella.
Obrigado, me amigo. Fique com Deus. Sempre.Na sequência, uma Coluna do LAM que publiquei ano passado:
Antonio Quintella: Araribóia Blues e Sincronicidade:
Um dos discos que mais gostei (e me orgulhei) de
produzir foi “Araribóia Blues” do cantor e compositor Antonio Quintella, pelo
selo Niterói Discos, nos anos 90. Tempos atrás, por pura saudade, peguei o CD e
ouvi todo, de ponta a ponta, lembrando das dezenas de sessões de gravação no
Castelo Estúdio, de Fábio Motta, que duraram quase seis meses.
Antonio é um dos melhores cantores que conheço e à
medida que o CD ia mudando de faixa lembrei de momentos das gravações. Muitos
hilários, outros dramáticos, enfim, gravar um disco exige de todos os
envolvidos muita calma, tolerância, paciência e resistência.
Disco pronto, lançado, Antonio Quintella mudou-se para
a Califórnia onde foi vizinho de, nada mais, nada menos, Neil Young. Vinha
esporadicamente a Niterói, mas não nos encontrávamos.
Pois bem, caro leitor, exatamente no dia seguinte da
minha audição o telefone tocou e era ele. Cheguei a ficar meio mudo no início
da conversa porque achei incrível essa coincidência. Afinal, não via o meu
amigo-cantor há anos e não ouvia o seu disco há bastante tempo.
Ele voltou para Niterói definitivamente e está morando
com a família em um belo sítio em Maricá. Vai estar no show “De Volta a Estrada”
com Os Lobos, dia 6 de setembro, no Teatro Municipal de Niterói. Ele tem muitas
histórias para contar sobre seu longo período nos Estados Unidos e vamos marcar
um encontro exclusivamente para atualizarmos nossas agendas existenciais. Há
muito o que falar, de ambos.
Aliás, naquela época do retorno do Antonio, vivenciei
coincidências que, em alguns casos, chegaram a ser assustadoras. Carl Gustav
Jung, um dos pais da psicanálise, não acredita em meros acasos. Ele criou a
Teoria da Sincronicidade que em resumo diz que tudo no universo está
interligado por um tipo de vibração, e que duas dimensões (física e não física)
estão em algum tipo de sincronia, que fazia certos eventos isolados parecerem
repetidos, em perspectivas diferentes.
A ideia desenvolveu-se primeiramente em conversas dele com
Albert Einstein, quando ele estava começando a desenvolver a Teoria da
Relatividade. Einstein levou a ideia adiante no campo da Física, e Jung, na
Psiquiatria.
A sincronicidade é definida como uma coincidência
significativa entre eventos psíquicos e físicos. Um sonho de um avião
despencando das alturas reflete-se na manhã seguinte numa notícia dada pelo
rádio. Não existe qualquer conexão causal conhecida entre o sonho e a queda do
avião.
Jung postula que tais coincidências apoiam-se em
organizadores que geram, por um lado, imagens psíquicas e, por outro lado,
eventos físicos. As duas coisas ocorrem aproximadamente ao mesmo tempo, e a
ligação entre elas não é causal.
Antecipando-se aos críticos, Jung escreveu: "O
ceticismo... deveria ter por objeto unicamente as teorias incorretas, e não apontar
suas baterias contra fatos comprovadamente certos. Só um observador preconceituoso
seria capaz de negá-lo. A resistência contra o reconhecimento de tais fatos
provém principalmente da repugnância que as pessoas sentem em admitir uma
suposta capacidade sobrenatural inerente à psique".
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