Começam as gravações do filme sobre a Rádio Fluminense FM, uma ficção baseada em meu livro

                                                                           
                                              Cópia fiel da faixa do segundo aniversário                                                                                 
                                                                      Tomás Portela                                                                                     
                                                                        Renata Almeida Magalhães                                                                                   
Diogo Dahl
L.G. Bayão
Johnny Massaro, eu e Marina Pazzano
Ontem, segunda, começaram no Teatro Rival (Cinelândia, Rio) as filmagens de “Aumenta que é Rock and Roll”, uma ficção baseada em meu livro “A Onda Maldita – como nasceu a Rádio Fluminense FM”, no período de 1982 a 1985. A produção geral é de Renata Almeida Magalhães, produção executiva de Diogo Dahl (ambos da Luz Mágica Produções), roteiro de L.G. Bayão e direção de Tomás Portela. A direção musical ficou comigo.

Para começar, é muito estranho ver um ator fazendo o papel de você. Não falo de qualquer ator. Falo do magistral Johnny Massaro. Hoje, vendo sua atuação, parecia um raio conectando 2019 a 1982. Um cara de 20 e poucos anos que consegue mostrar meus cacoetes, modo de falar, modo de andar, humores, quando eu também tinha 20 e poucos anos. Sei, o cara é bom, estuda, mas mesmo assim é uma boa sensação de estranheza.

Johnny captou o incômodo, a quase angustia do personagem em declarar uma paixão pela locutora (ficção) interpretada pela Marina Pazzini. Ele expõe publicamente minhas ansiedades, a pressa em querer me declarar logo para uma mulher como se fosse a última e até ataque de pânico. Eu sei, li no roteiro, mas uma coisa é o texto a outra é a interpretação de um grande ator dirigido por um super diretor.

É uma coisa meio mediúnica*, tão impressionante que em determinando momento saí e fui até o Amarelinho tomar uma Coca Cola Zero com uma enorme vontade de (posso falar?) comemorar muito, encher a cara, mergulhar na boemia roqueira que ainda resiste em alguns becos no centro do Rio de Janeiro.

No Rival fui recebido com extremo carinho por todos, em especial os mais novos que compõem a equipe, loucos para saberem o que eram os anos 80, a rádio, a política na época e, claro, a música, o cinema, a vida. Tomás fez uma roda com toda a equipe em frente ao palco e todos me homenagearam com uma longa salva de palmas, justamente numa fase em que estava precisando. Posso falar? (2), foi o maior reconhecimento que tive como pessoa e como profissional em todos os tempos. Nenhum troféu, medalha, disco de platina valeu mais do que aquela reação, aqueles olhares curiosos, aquela energia positiva, livre, disposta a tudo pelo filme, pela rádio.

Quando os atores que fizeram Paralamas e Legião começaram a “tocar” vi um cinegrafista e duas ou três figurantes chorando. Depois o cinegrafista disse a um colega que estava do meu lado que tinha “saudade desse tempo, apesar de não ter vivido nesse tempo”. Entendi porque é o que mais ouço por aí. As figurantes, que formavam o grupo da plateia do show, me disseram que estavam muito emocionadas por participarem de um filme cuja história é muito maior e muito mais importante do que elas achavam. E agradeceram. Elas estão na faixa dos 20 a 25 anos, estudam, querem ser atrizes e no final disseram que “adoraria ser locutora dessa rádio caso ela ainda existisse porque não eram só vozes e nem só música que vocês tocavam, vocês trabalhavam com a alma”.

Na verdade, a Fluminense FM 1982-1985 é uma rádio que não acabou. Virou um satélite. Natural. Sua fala, sua escrita, sua personalidade, sua música, continuam ecoando forte, especialmente em tempos de vazio existencial, social, político e vasta crise. Crise que atiça, dá coragem, faz evoluir, cair para cima.

O filme vai mostrar o que vimos, ouvimos, soubemos, mas o que mais valeu, para milhares e milhares de pessoas, foi sentir o astral de uma rádio que nasceu para gerar prazer. Muito prazer. E o filme será fantástico para quem ouviu falar mas não ouviu a magia da Maldita.

* Quero me desculpar sincera e profundamente com todos os kardecistas por insanidades que disse num papo privado semana passada. Fui injusto, ofendi, peguei pesado e peço perdão.

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