Novo e explosivo álbum de Lobão, com releituras de clássicos dos 80, chega as lojas em CD, vinil e pendrive



Fiquei de avisar os leitores, mas o corre não corre do dia não dia me fez abstrair. Mas, vamos lá.

"Antologia politicamente incorreta dos anos 80 pelo rock” – inspirado pelo quase homônimo último livro do artista carioca, Guia politicamente incorreto dos anos 80 pelo rock chegou a todas as lojas em CD, vinil e pendrive.

É o primeiro álbum não 100% autoral de Lobão, mas como (na minha opinião) ele sempre foi o número um do rock oitentista, noventista e daí em diante, fez a melhor versão de clássicos da época. Ouso (?) afirmar que é o melhor disco de rock brasileiro lançado nos últimos 40 anos. O anterior, “O rigor e a misericórdia (2016)”, álbum gravado de forma solitária pelo cantor, compositor e músico, nos trouxe a certeza de que, também como letrista, o grande Lobo se supera.

"Antologia politicamente incorreta dos anos 80 pelo rock” foi gravada ao longo de meses em estúdio com a banda Os Eremitas da Montanha, formada pelo guitarrista Christian Dias, Armando Cardoso (bateria), Augusto Passos (baixo e voz), Christian Dias (guitarra) e Felipe Faraco (teclados)."

Outra qualidade de Lobão é o destemor ao exagero, é estraçalhar vidraças como peso, volume. Com ele não tem bateria Premier tocada com vassourinha. No álbum, as 24 músicas estão dispostas em ordem cronológica e trazem uma cara mais escancarada e distorcida às canções gravadas originalmente entre 1980 e 1989 por colegas de geração de Lobão. No pop sofisticado de Guilherme Arantes, ou no punk desesperado dos Inocentes.

Do mestre Lobão nunca esperei chumbo fino e no caso deste trabalho quase fui parar no teto quando comecei a ouvir. Há muitos e muitos e muitos e muitos e muitos anos não ouço rock brasileiro tão autêntico, visceral, competente. Não dá para ouvir baixinho, tem que descabelar vizinho, abafar o som enlouquecedor do bando de makitas que, aos berros, serram mármore, saúde e civilidade.

Há tempos, Lobão tacou fogo naquele velho conceito de “guitarras econômicas” e, econômicas é o cacete!, mandou ver. Sozinho e com uma superbanda, ele não economiza nada e chuta longe qualquer sintoma de nostalgia. O álbum é banhado de autenticidade, guitarras lancinantes, baterias cheias de referências como, por exemplo, a de John Bonham do Zeppelin. Impressionante.

Lobão conversou comigo. Leia:

“O projeto desse disco começou logo após finalizar o livro "Guia Politicamente Incorreto dos Anos 80 Pelo Rock" e é evidente ser seu complemento.

E não tem a mínima intenção em seu conceito de ser um disco de nostalgia ou coisa parecida. Muito pelo contrário. Nosso foco é mostrar a pertinência, a criatividade, a contemporaneidade, a excelência das canções e concluir que o Rock prossegue incólume como o gênero mais moderno, audacioso, independente que nós temos aqui no Brasil.

Para isso, a produção desse disco, com seus arranjos, a execução, interpretação, mixagem, tudo está direcionado para mostrar ao ouvinte toda a beleza, a fúria, o amor e a criatividade de um punhado das mais intensas canções que povoam o cancioneiro da música popular brasileira.

Um momento para se refletir como um gênero tão repudiado pela intelligentsia e (por aquilo que optei chamar por totalitarismo cultural) conseguiu se impor, produzir e se firmar como um dos períodos mais profícuos da nossa música.

E como ele está vívido, pulsante, repleto de frescor e rebeldia. Tudo o que o cenário musical brasileiro, há muito, deixou de possuir. Portanto, o disco pretende devolver o Rock ao lugar que ele sempre deveria estar. Na vanguarda da música brasileira.”

Toquei em algumas faixas (“Vida Bandida”, “Planeta Água” e “Quase um Segundo” e gravei todos os instrumentos). Em “Vítima do Amor” gravei guitarras, violões, baixo e órgão, assim como em “Leve Desespero”, “Virgem”, “Esfinge de Estilhaços” e “Certas Coisas”.

Há faixas em que não toco nada: “Eu não matei Joana Darc” (guitarras de Cristian e participação especial de Luiz Carlini), “Dias de Luta”, “O Tempo Não Para” e “Nós Vamos Invadir Sua Praia (com comparticipação especial de Roger Moreira).

Já em outras toquei todas as guitarras como “Núcleo Base” e “Primeiros Erros”. No restante toco parte das guitarras e o Chris a outra. Assino a produção.”
O álbum foi gravado em parte no estúdio caseiro do Lobo em São Paulo (“Vida Bandida” e “Planeta Água” foram gravadas mixadas e masterizadas em sua casa) e também algumas vozes (“O Tempo Não Para” e instrumentos como em “Leve Desespero”, “Vítima do Amor”, “Esfinge de Estilhaços”, “Lanterna dos Afogados”.

O restante foi gravado no estúdio da Trama, também em São Paulo, entre agosto e setembro de 2017. O disco foi remixado e remasterizado uma vez que a mix e a master originais ficaram bem abaixo do razoável. Lobão conta que “foi um grande transtorno, motivo do grande atraso do lançamento e muito dinheiro jogado no lixo com esses dois malfadados empreendimentos. Tivemos que remixar e remasterizar tudo aqui em casa entre janeiro  e fevereiro deste ano junto com Diovainne Moreira, nosso técnico de som e mix desde o disco de 2016, “O Rigor e a Misericórdia”.

Faixas do álbum:

Disco 1

1. Ôrra meu (Rita Lee, 1980)
2. Planeta água (Guilherme Arantes, 1981)
3. Vítima do amor (Evandro Mesquita, 1982)
4. Nosso louco amor (Júlio Barroso e Herman Torres, 1983)
5. Certas coisas (Lulu Santos e Nelson Motta, 1984)
6. Eu não matei Joana D'Arc (Marcelo Nova e Gustavo Mullen, 1984)
7. Geração Coca-Cola (Renato Russo, 1985)
8. Leve desespero (Fê Lemos, Flávio Lemos, Dinho Ouro Preto e Loro Jones, 1985)
9. Louras geladas (Paulo Ricardo e Luiz Schiavon, 1985)
10. Primeiros erros (Chove) (Kiko Zambianchi, 1985)
11. Nós vamos invadir sua praia (Roger Moreira, 1985)
12. Núcleo base (Edgard Scandurra, 1985)

Disco 2

1. Até quando esperar (Philippe Seabra, Gutge e André X, 1986)
2. Dias de luta (Edgard Scandurra, 1986)
3. Toda forma de poder (Humberto Gessinger, 1986)
4. Pânico em SP (Clemente Nascimento, 1986)
5. Eu sei (Renato Russo, 1987)
6. Virgem (Marina Lima e Antonio Cícero, 1987)
7. Esfinge de estilhaços (Lobão, 1988)
8. Quase um segundo (Herbert Vianna, 1988)
9. Somos quem podemos ser (Humberto Gessinger, 1988)
10. O tempo não para (Arnaldo Brandão e Cazuza, 1988)
11. Lanterna dos afogados (Herbert Vianna, 1989)
12. Azul e amarelo (Lobão, Cazuza e Cartola, 1989)




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