Chuva
Costão, Itacoatiara. Niteroi, RJ
Sinto suas gotas roçarem a janela, temperatura de 22 graus.
Chuva. Saí para pensar, pensar, pensar. Penso em soluções, saídas, ou na
possibilidade de não haver solução nenhuma diante de problemas amplificados
pela aflição.
O pássaro bebe água numa pequena poça sob a amendoeira,
resolvendo sua aflição imediata de maneira simples. Simples para quem assiste.
Grande vitória para o pássaro voar vivo, pousar vivo numa árvore próxima,
saltar vivo para os fios de um poste, pousar vivo na poça. Vivo, beber a água
num ambiente hostil.
Chuva, quase frio, calma que parece reinar na cidade,
protegida da falsa e histérica euforia do verão e seus moedores midiáticos.
Caminho pelo bairro que, raro, está sereno e vazio. Sinto a quase garoa cair sobre a cidade, repousando. Poucos
carros, ônibus, ciclistas, pessoas nas calçadas; os bares relativamente vazios
com uma meia dúzia bebendo cerveja e assistindo futebol na TV. Calma.
É esse o dom e o tom do quase inverno, que vai desembarcar em
21 de junho. Calma. Calma e beleza porque a luz dos dias de inverno é
belíssima.
Volto a pensar, pensar, pensar. Pensar em soluções, saídas,
ou na possibilidade de não haver solução nenhuma diante de problemas
amplificados pela aflição de quem procura viver intensamente.
Seguir caminhado, por dentro do outono, quase inverno.
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