Boçalidade ambiental




Meio ambiente. Não consigo imaginar a vida sem meio ambiente, mas as autoridades constituídas acham que é tudo balela, que dá para viver muito bem obrigado num planeta de acrílico, concreto, ferro, chumbo. Oxigênio? Ora, usemos máscaras.

O Brasil nunca teve um projeto sério voltado para o meio ambiente. Aliás, nunca houve qualquer projeto ambiental. Lembro muito bem, anos 1970, quando a palavra ecologia começou a surgir no horizonte cinza de CO2, fiz várias entrevistas com um gaúcho corajoso chamado José Lutzemberger (1926-2002).

Na Wikipedia ele é apresentado como agrônomo, escritor, filósofo, paisagista e ambientalista brasileiro que participou ativamente na luta pela preservação ambiental. Quem quiser ir fundo é só acessar https://bit.ly/2YCxNSw .

Quanto telefonei pela primeira vez da Rádio JB AM para entrevistá-lo ele deu logo um tranco. “Não adianta me entrevistar porque a entrevista não vai sair publicada em lugar nenhum.” Imaginei que seria por causa da censura da ditadura militar, mas ele logo esclareceu: “todo mundo que debocha da ecologia, do meio ambiente diz que sou reacionário de direita. Se a intenção é me calar conseguiram porque entrevista minha não sai.”

Mas o jornalismo da RJB, o melhor do país, jamais cometeria uma baixaria dessas. Eu sabia que o professor era radical, extremado, que até jogava cobras em cima de banhistas que invadiam praias protegidas no sul, mas era temperamento, desatino, talvez desespero. A primeira entrevista com ele, quando previu que a Amazônia não chegaria a 2030 (ele disse isso em 1978) foi um sucesso junto a audiência mas um fracasso junto a esquerda. 

Por onde passei levei porrada de gente dizendo que eu estava dando espaço para a “direita nefasta e alienada com esse papo de ecologia”. Na verdade, eles pensavam na proteção do meio ambiente exatamente como Trump, Bolsonaro, Lula e Dilma pensam hoje, que é pura viadagem, ataque de pelancas de cientistas fazendo beicinho.

Eu também escrevia no Pasquim e, apesar do jornal ser de esquerda, o jornal publicou as minhas matérias sobre meio ambiente sem mexer em uma vírgula. Não esqueço que o Opinião ( https://bit.ly/2WTtrWP), combativo jornal de Fernando Gasparian (https://bit.ly/2JsGHhZ) várias vezes fechado pela polícia política também dava espaço para as denúncias ambientais.

Todos os sábados publico artigos num dos sites mais lidos de Niterói e também do antigo Estado do Rio chamado “Niterói de Verdade”, criado e mantido pelo jornalista Gilson Monteiro. Fica em http://colunadogilson.com.br/ . Essa semana falo de um projeto muito bom que está sendo executado pela Taiolândia que é o bombardeio de sementes para reflorestamento.

Essas “bombas” foram inventadas por um japonês e no artigo sugiro que a prefeitura de Niterói aproveite a ideia e use helicóptero ou voadores de parapente e asa para fazerem uma versão micro do projeto tailandês. Leia em https://bit.ly/2LUssEF . A prefeitura vai ignorar porque a ideia dos tailandeses é muito prática (já estão bombardeando) e a gerência municipal gosta de projetos, maquetes, grupos de trabalho, seminários, e zero de realização.

Não consigo acreditar quando vejo um governador do estado ignorar o meio ambiente, prefeitos vaselinas que fingem que dão prioridade ao assunto, mas vivem atracados aos beijos na boca com a especulação imobiliária.

Pior, o governo federal deu emprego e poder absurdo ao ministro responsável pela área que exerce abertamente o papel de predador ambiental. Trabalha afinado com a ministra da agricultura que defende os interesses dos ruralistas que adorariam transformar o país num agronegócio de oito milhões 516 mil quilômetros quadrados, tamanho do Brasil.

O meio ambiente foi e é manipulado também por arrivistas que criaram Ongs suspeitas que vivem se dando bem nas tetas dos governos, mas não é por causa de uma minoria de bandidos que toda uma proposta de salvação do ambiente em que vivemos seja atirada na privada, como está acontecendo. Ao invés de acabar com os bandidos o governo prefere destruir o meio ambiente.

A ganância leva a corrupção ou a corrupção é que leva a ganância? O sujeito taca fogo na própria casa em troca de sabe-se lá o que. Será que sequer pensa que daqui a pouco vai faltar água, mar, comida? Não tenho preconceito e sim “pós conceito” em relação a quem não gosta de ler. Em geral, como não sabe o que pensa a civilização, representada pelos livros, a tendência é dar razão a suas próprias ideias ou, pior, aos parasitas que se aproveitam da situação.

Lula sempre se orgulhou de não ter lido livros, adorava protagonizar o posto de imbecil mor da nação. Dilma, no máximo, folheava um Diário de Bridget Jones e Bolsonaro, se leu, foi Recruta Zero.

Ou seja, durante 16 anos, de 2003 até hoje, o Brasil é governado por gente que não lê, acha que filosofia é bronha de desocupado, que História é decoreba e que meio ambiente é "viadagem".

Eu ia falar de Crivella, mas estragar a semana gastando sinal satélite com um homem que fracassou como motorista de táxi, como dono de fazenda na Bahia, como senador, como ministro da pesca, como bispo de igreja universal e como prefeito é overdose demais.





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